“As nossas as forças têm sido decisivas na consecução do processo de paz na RCA. Há dois meses, a quarta Força Nacional Destacada (FND) esteve envolvida em violentos combates que permitiram desmantelar a UPC e levar à sua rendição, o que foi determinante na assinatura do acordo de paz. Agora, a UPC tem um papel relevante nesse processo”, disse o almirante Silva Ribeiro, em declarações à agência Lusa.
O CEMGFA esteve hoje em visita aos militares portugueses que estão na missão de paz das Nações Unidas na RCA, acompanhado pelo Chefe do Estado Maior do Exército, general Nunes da Fonseca, pelo Chefe do Estado Maior das Força Aérea, general Nunes Borrego, pelo vice-almirante Gouveia e Melo e pelo bispo das Forças Armadas e de Segurança, Rui Valério.
Silva Ribeiro visitou os militares portugueses que estão na Missão Europeia de Treino Militar-República e esteve com os militares da 5.ª Força Nacional Destacada, que têm a sua base junto ao aeroporto de Bangui e são a Força de Reação Rápida da missão de paz.
Além do encontro com os militares portugueses no país africano, o almirante Silva Ribeiro foi recebido pelo primeiro-ministro da RCA, Firmin Ngrebada, esteve num encontro com o representante especial do secretário-geral das Nações Unidas, Mankeur Ndiaye, e condecorou o líder da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA), general Bala Keita, com a medalha de S. Jorge.
“De todos ouvi um agradecimento sentido por Portugal continuar empenhado na RCA, que é um país martirizado pela ação dos grupos armados. Depois transmitiram uma mensagem de comprometimento para a forma de atuação das forças portuguesas, que consideram ter a postura operacional correta, e por fim um reconhecimento à valia dos nossos militares, à sua preparação, coesão, persistência e brio das forças portuguesas”, frisou.
Num comboio das Nações Unidas, a comitiva percorreu as movimentadas ruas da capital da RCA, Bangui, sempre com a segurança das viaturas blindadas.
O almirante Silva Ribeiro mostrou-se orgulhoso no desempenho dos militares e salientou que este é o teatro de operações mais exigente a nível operacional desde a guerra colonial.
“A preparação dos contingentes demora seis meses e é necessário um continuo aprontamento das forças. Não se pode vir para um teatro operacional destes como a mínima deficiência, a preparação é decisiva para o brilhantismo da nossa atuação na RCA”, explicou, referindo que para se conseguir muitas vezes é preciso combater na guerra.
A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.
O Governo centro-africano controla cerca de um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da MINUSCA, cujo 2.º comandante é o major-general do Exército Marco Serronha.
Portugal integra a MINUSCA, com a 5.ª Força Nacional Destacada (FND), e lidera a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), que é comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.
A 5.ª Força Nacional Destacada integra 180 militares do Exército (22 oficiais, 44 sargentos e 114 praças, das quais nove são mulheres) e três da Força Aérea.
O acordo de Cartum foi assinado no início de fevereiro pelo governo da RCA e por 14 grupos armados. Um mês mais tarde, as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito de um processo de paz.
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