“A invasão da Ucrânia pela Rússia constitui o exemplo mais recente de como o respeito pelo primado do Direito Internacional pode ser rapidamente colocado em causa. O próprio Conselho de Segurança permanece bloqueado ao não condenar explicitamente uma agressão ilegal sobre um Estado soberano”, afirmou Helena Carreiras na cerimónia de homenagem aos participantes das Missões de Paz e Humanitárias, que decorreu hoje em Lisboa.

No discurso desta cerimónia, que decorreu no Dia internacional dos Capacetes Azuis da Organização das Nações Unidas (ONU), a ministra da Defesa Nacional assinalou as “tentativas de mediação ou de tréguas, com destaque para os bons ofícios” de António Guterres, Secretário-Geral da ONU, que “têm permitido aliviar algum sofrimento daqueles e daquelas mais impactados pelo desenrolar da guerra”.

“Essas mesmas tentativas não são ainda capazes de sustentar um plano credível que preveja o fim do conflito enquanto objetivo sustentável em si mesmo. Infelizmente não é ainda possível vislumbrar a paz no Leste europeu a curto prazo”, lamentou.

A governante afirmou ainda que, até à data, “Portugal empenhou assim ao abrigo da ONU mais de 13 mil militares ao serviço da promoção da segurança coletiva global”.

“Em todos estes casos, as tropas portuguesas têm demonstrado um elevado nível de profissionalismo e dedicação, recebendo um reconhecimento generalizado quanto à sua excelência e quanto à qualidade das capacidades de comando dos nossos oficiais”, elogiou.

Segundo Helena Carreiras, este reconhecimento está patente no Estatuto do Antigo Combatente, que “apoia não apenas os combatentes da Guerra Colonial, mas também os novos antigos combatentes”, que são aqueles têm integrado todas as missões internacionais em que Portugal participa.

“As nossas Forças Armadas estão bem cientes da importância de acompanhar os efetivos militares que cumprem missões operacionais, antes, durante e após a conclusão da missão. A esse respeito, vale a pena destacar o trabalho realizado pelo Centro de Psicologia Aplicada do Exército, no apoio aos militares, às suas famílias e à comunidade em geral”, exemplificou.

Assinalar datas como a de hoje, na perspetiva da ministra, servem também para ponderar o tipo de empenhamento internacional que o país quer seguir.

“Por um lado, satisfazer as exigências complexas dos teatros de operações atuais requer uma diversidade de competências, experiências, perspetivas e abordagens”, referiu, sublinhando a importância de “promover e reforçar, sempre que haja condições, a representatividade e a participação de mulheres militares em operações de paz a todos os níveis”.

Por outro lado, de acordo com Helena Carreiras, deve haver uma partilha das experiências adquiridas depois de décadas de contributos internacionais.

“Foi com esse objetivo em mente, que aprovámos em reunião de ministros da Defesa da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) na passada quarta-feira na Cidade da Praia, a criação de uma célula de cooperação civil e militar. O objetivo consiste em criar precisamente uma bolsa voluntária de elementos para o emprego em missões de paz com mandato das Nações Unidas”, afirmou.