“As forças de segurança portuguesas são forças do Estado de Direito e das liberdades e por isso tem de ser defendidas”, disse à Lusa Eduardo Cabrita a partir da Grécia, onde terminou hoje uma visita de dois dias.

Eduardo Cabrita foi questionado sobre as reações de alguns sindicatos da PSP e uma associação da GNR em defesa da divulgação de fotografias de suspeitos capturados pela polícia, referindo que é preciso defender as forças de segurança das circunstâncias que possam por em causa essa imagem, que “é apreciada por todos os portugueses”.

O governante recordou que a Inspeção-Geral da Administração Interna “está a fazer o seu caminho”, depois de o ministro ter ordenado no fim de semana um inquérito à divulgação de fotografias da captura de três suspeitos de roubo a idosos que tinham fugido, na quinta-feira, do Tribunal de Instrução Criminal do Porto, que antes lhes tinha decretado prisão preventiva.

Na sexta-feira, o diretor nacional da PSP também mandou instaurar um processo de inquérito para averiguar a divulgação das fotografias.

Ainda na sexta-feira, o Sindicato Unificado da Polícia divulgou a imagem dos três suspeitos, algemados, no momento da sua captura num parque de campismo em Gondomar, que depois foram divulgadas por alguns órgãos de comunicação social.

No dia seguinte, o ministro da Administração Interna considerou "absolutamente inaceitável a publicação de imagens que não correspondem à forma de atuação da polícia portuguesa".

Após as declarações do ministro, o Sindicato Vertical de Carreiras da Polícia divulgou nas redes sociais uma montagem de idosos agredidos, sugerindo serem vítimas dos suspeitos capturados pela PSP, embora não houvesse qualquer relação entre as duas situações, e pedindo a Cabrita que se indignasse.

Na segunda-feira, a Associação Socioprofissional Independente da Guarda (ASPIG/GNR) manifestou-se, por sua vez, a favor da divulgação de fotografias de suspeitos capturados pela PSP, considerando que os criminosos “não são merecedores do mesmo respeito e consideração” que o cidadão comum.

“A ASPIG está solidária com os profissionais da PSP, envolvidos nesta matéria, e não fica indignada com as fotografias, expostas publicamente, pois considera que os criminosos – nelas identificados como tal – não são merecedores do mesmo respeito e consideração, por parte do Estado e da comunidade, atribuídos ao cidadão comum”, referiu aquela associação da GNR em comunicado.

Ainda na segunda-feira, o Presidente da República considerou inaceitável que tenha sido divulgada uma montagem fotográfica com idosos estrangeiros para atacar o ministro da Administração Interna e aconselhou os portugueses a estarem atentos na procura da verdade.

Marcelo Rebelo de Sousa disse subscrever a posição do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, de que "há um respeito pela dignidade das pessoas que é próprio do Estado de direito democrático que torna inaceitável uma situação daquelas".

"Nós temos de estar preparados para aquilo que de vez em quando acontece, nomeadamente nos meios mais expeditos de comunicação de imagens ou de informações, ou ditas informações, que são montagens, que não correspondem à realidade", adiantou.