José Luís Carneiro falava no Centro Cultural Gil Vicente, no Sardoal, no distrito de Santarém, no final de uma visita a uma escola e a uma aldeia do concelho, em que acompanhou o Primeiro-Ministro, António Costa, numa tarde dedicada a observar no terreno ações que decorrem junto das populações no âmbito da prevenção e da segurança.

O ministro deu como exemplo “a alteração de paradigma” no investimento, que passou de 80% para o combate e 20% para a prevenção, em 2017, para 54% para o combate e 46% para a prevenção, em 2022, havendo, este ano, uma inversão, com 62% (329 milhões de euros) para prevenção e 38% para o combate (200 milhões de euros).

“Esta é uma demonstração de que o percurso feito desde 2017 corresponde a uma visão estratégica de médio e longo prazo e consubstancia uma alteração do paradigma na abordagem à questão dos incêndios florestais no que tem que ver com a prevenção estrutural de médio e de longo prazo e na mais imediata, confiada ao combate”, afirmou.

António Costa veio hoje verificar no distrito de Santarém, em dois concelhos atingidos pelos incêndios de 2017, o trabalho feito tanto na reforma da floresta, como na prevenção e sensibilização das populações.

Para ilustrar o que o trouxe hoje ao norte do distrito de Santarém, António Costa, no discurso que encerrou a visita ao Sardoal, recorreu a uma imagem futebolística, comparando o combate aos incêndios ao guarda-redes que, num penálti, defende sozinho a bola, mas que nos 90 minutos do jogo conta com o trabalho da equipa.

“Hoje tivemos oportunidade de ver [em Mação] um dos elementos mais importantes da reforma da floresta que está em curso, que é a criação das áreas integradas de gestão da paisagem”, disse, salientando dois exemplos dados pelo presidente da Câmara do Sardoal, Miguel Borges, de um incêndio que foi travado por um olival e de outro que parou “quando encontrou uma vinha”, como prova da importância de uma paisagem diversa, com diferentes tipos de ocupação do solo.

José Luís Carneiro salientou que, mesmo com um sistema de combate “eficaz” e capacitado, “há momentos extremos” em que nem sequer é possível usar os meios, e defendeu a importância do trabalho de prevenção, sensibilização e proteção das populações, como o que foi observado durante a tarde no Sardoal.

Apontando os dados que mostram que, do passado dia 1 de janeiro até ao fim de abril, 64% dos incêndios se deveram a negligência no uso do fogo, de máquinas agrícolas ou florestais, o ministro considerou crítico o “trabalho de informação, de sensibilização, de capacitação” das populações.