“Há um ponto que me parece muito importante”, que é a posição europeia, “segundo a qual temos de lutar contra o terrorismo e para lutar eficazmente contra o terrorismo, temos de lutar contra as causas do terrorismo”.

Não devem ser adotadas “medidas que possam levar à radicalização de pessoas, em particular dos jovens”, apelou o ministro Augusto Santos Silva, que falava aos jornalistas hoje, em Coimbra, à margem da conferência de imprensa conjunta dos presidentes grego, Prokopios Pavlopoulos, e português, Marcelo Rebelo de Sousa, no âmbito da visita do Presidente daquele país a Portugal.

“Quando nós cometemos o erro de não distinguir com clareza o que são religiões do que é inspiração supostamente religiosa de filiações terroristas, podemos estar a contribuir para radicalizar ainda mais”, advertiu Augusto Santos Silva.

Devemos “ter sempre o cuidado de distinguir o que é uma religião”, sustentou, salientando que “todas as grandes religiões são a favor da dignidade humana, são a favor da paz” e que é preciso distingui-las de “leituras erradas, inaceitáveis, de preceitos religiosos, sejam eles quais forem”.

Referindo-se ao atentado de domingo no Canadá, o ministro afirmou que, “para Portugal, todos os atentados são condenáveis, inaceitáveis, violando os direitos básicos das pessoas”, são “contra a nossa civilização e contra a nossa humanidade”, afirmou.

“Quaisquer que sejam” os atentados, “justificados em função da razão A, B ou C, sejam atentados inspirados pela religião supostamente A, B, ou C”, contra alemães, franceses, canadianos ou portugueses, “são sempre atentados terroristas, são sempre condenáveis”, concluiu.

Já hoje de manhã, Augusto Santos Silva disse à Lusa ver “com muita preocupação” a proibição de entrada nos Estados Unidos de nacionais de sete países, incluindo refugiados, afirmando que estas medidas são ilegais à luz da legislação portuguesa e europeia.

A ordem executiva assinada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, na sexta-feira pouco antes das 17:00 locais (22:00 em Lisboa) proíbe a entrada a todos os refugiados durante 120 dias, assim como a todos os cidadãos de sete países de maioria muçulmana (Síria, Líbia, Sudão, Irão, Iraque, Somália e Iémen) durante 90 dias.

“O Governo português vê com muita preocupação” as medidas impostas nos últimos dias pela nova administração norte-americana, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que fez questão de vincar que Portugal e a União Europeia têm “uma política de vistos bastante diferente” das decisões do Presidente dos EUA, Donald Trump.