No dia 11 de julho, a pedido da família Orlandi, e na sequência de pistas anónimas, foi aberta a “Tumba do Anjo”, onde se acreditava estarem enterradas as princesas alemãs Sophie von Hohenlohe, que morreu em 1836, e Carlota Federica de Mecklenburg, que morreu em 1840.

O objetivo era averiguar a possibilidade de os restos mortais de Emanuela Orlandi estarem neste lugar. No entanto, e para surpresa geral, os túmulos estavam vazios.

Dias dias depois, a 13 de julho, o Vaticano anunciou que foram encontrados dois ossários localizados debaixo do solo numa área dentro do Colégio Pontifício Alemão, adjacente ao cemitério, e que estava fechada por um alçapão.

O porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti, esclareceu à data, em comunicado, que, após a abertura dos túmulos das princesas, uma série de investigações mostraram, de acordo com registos do Colégio Pontifício Alemão, que se realizaram obras de ampliação que implicaram o cemitério nos anos sessenta e setenta do século passado. "Portanto, é possível que os restos das duas princesas tenham sido transferidos para outro local adequado no campo sagrado", acrescentou a nota.

Isto deu nova esperança à família Orlandi, que procurava os restos mortais da jovem depois de ter recebido informações anónimas de que poderia estar enterrada neste cemitério alemão dentro do Vaticano. Paralelamente, o Vaticano procura agora saber onde param os restos mortais das duas princesas.

A extração destas ossadas teve lugar a 20 de julho, com a presença de peritos enviados pelo Ministério Público e outros nomeados pela Família Orlandi.

No entanto, os milhares de ossadas e fragmentos de ossos que foram extraídos a 20 de julho no subsolo do Colégio Pontifical Teutónico não pertencem à jovem. Giovani Arcudi, médico forense encarregado de dirigir a análise, "não encontrou nenhuma estrutura óssea que remonte a um período posterior ao fim do século XIX", anunciou hoje o Vaticano em comunicado.

O especialista indicado pela família Orlandi reclamou uma análise mais abrangente de cerca de 70 ossos, que o professor Arcudi considerou inúteis devido à idade do material. Este restos mortais estão, todavia, sob posse da guarda do Vaticano, à espera de uma decisão da justiça.

A família Orlandi não quer deixar de seguir qualquer pista, na tentativa de elucidar o que aconteceu com a menina de 15 anos, uma cidadã do Vaticano e cujo paradeiro é desconhecido.

"Queremos saber a verdade, mesmo que seja como atirar sal numa ferida aberta, não vamos desistir", garantiu Pietro Orlandi, irmão da jovem desaparecida.

A família procura respostas há 36 anos, sobretudo no Vaticano, que até agora tinha rejeitado qualquer tipo de investigação sobre o que aconteceu a Emanuela, quando em 22 de junho de 1983 desapareceu sem deixar rasto após sair da aula de flauta na escola de música de San Apolinar, em Roma.

A última pista que tinham era a de investigar o dito cemitério alemão no interior do Vaticano, depois de no ano passado terem recebido uma carta anónima com uma foto da sepultura com a frase "Procura onde o anjo indica".

O desaparecimento de Emanuela Orlandi, um dos grandes mistérios de Itália, sempre motivou várias teorias, como o envolvimento de homens do Vaticano, da máfia de Roma ou uma relação com o ataque a João Paulo II pelo turco Ali Agca.

*Com agências