O responsável do Departamento de Defesa reagia, em Washington, ao ataque dos insurgentes que os Estados Unidos designam de ISIS-Moçambique (também conhecidos como Ansar al-Sunna) contra a vila de Palma, que terá feito dezenas de mortos.
“Continuamos determinados a cooperar com o governo de Moçambique no contraterrorismo e no combate ao extremismo violento e a derrotar o ISIS”, afirmou Kirby, numa declaração condenando o ataque.
Os ataques “demonstram uma total falta de respeito pelo bem-estar e segurança da população local, que sofre terrivelmente com as táticas brutais e indiscriminadas dos terroristas”, adiantou.
O Estado Islâmico já reivindicou o ataque e até o controlo da vila, próxima da península de Afungi, epicentro dos projetos de gás natural moçambicanos.
Kirby não explicitou de que forma o Departamento de Defesa poderá apoiar no caso específico de Palma.
Em meados de março, o Comando norte-americano para África (Africom) anunciou o início de um programa de treino de tropas especiais moçambicanas.
Poucos dias antes, o Departamento de Estado norte-americano designou como terroristas o ISIS-Moçambique e o seu líder Abu Yasir Hassan.
“Desde Outubro de 2017, o ISIS-Moçambique, liderado por Abu Yasir Hassan, terá matado cerca de 1.200 civis”, refere nota do Departamento de Estado enviada à Lusa.
“Estima-se que mais de 2.300 civis, membros das forças de segurança e suspeitos militantes do ISIS-Moçambique foram mortos desde que o grupo terrorista iniciou a sua violenta insurgência extremista”, adianta.
O ISIS-Moçambique, localmente conhecido como al-Shabaab, alegadamente jurou fidelidade ao ISIS já em Abril de 2018, e foi reconhecido pela organização como afiliada em Agosto de 2019.
“O grupo foi responsável por orquestrar uma série de ataques sofisticados e de grande escala que resultaram na captura do porto estratégico de Mocímboa da Praia, Província de Cabo Delgado. Os ataques do ISIS-Moçambique também contribuíram para o deslocamento de mais de 670.000 pessoas no norte de Moçambique”, adianta o Departamento de Estado.
Na quarta-feira, Palma, a vila sede de distrito com 42 mil habitantes, que acolhe os grandes projetos de gás do norte de Moçambique, foi atacada por grupos insurgentes ‘jihadistas’ que há três anos e meio aterrorizam a região. O ataque foi reivindicado esta tarde pelo grupo terrorista Estado Islâmico.
Dezenas de civis, incluindo sete pessoas que tentavam fugir do principal hotel de Palma, no norte de Moçambique, foram mortos pelo grupo armado que atacou a vila.
A violência causou mais de 2.000 mortes e quase 700 mil deslocados.
Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas ações já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora existam relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.
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