“Perante uma situação de suspeita clínica de infeção humana por VMPX, qualquer pessoa pode contactar o SNS24 para ser referenciada, rapidamente, para observação médica no serviço de urgência ou numa consulta de cuidados de saúde primários”, refere uma norma da DGS que define as regras de abordagem clínica e epidemiológica de casos de infeção humana por vírus Monkeypox.
Segundo o documento, a abordagem terapêutica depende da avaliação clínica individual do caso e, considerando que a maioria dos casos de doença requer cuidados em ambulatório, o tratamento é de suporte sintomático, ou seja, hidratação, analgésicos e antipiréticos.
A DGS avança ainda que a indicação e a possibilidade do uso de antivirais, caso do tecovirimat, estão a ser avaliadas em conjunto com as agências nacionais e internacionais e os parceiros europeus e que, atualmente, não existe aprovada em Portugal, nem na Europa, uma vacina contra a infeção humana por VMPX.
A vacina contra a varíola (smallpox) mais recente foi aprovada na União Europeia em julho de 2013 para conferir proteção em adultos e, já em setembro de 2019, nos Estados Unidos da América foi aprovado o seu uso contra a infeção humana por VMPX, com base em estudos que demonstraram que, pelas suas propriedades, tem capacidade protetora contra outros vírus da mesma família.
“Em Portugal, a coordenação do Programa Nacional de Vacinação (PNV), a Comissão Técnica de Vacinação e o INFARMED estão a avaliar, em articulação com as autoridades europeias e internacionais competentes, os aspetos inerentes à autorização, aquisição, disponibilidade e indicações da vacina contra a varíola (smallpox), para uso desta vacina contra a infeção humana por VMPX”, refere a orientação.
A DGS refere também que, na vigilância de sinais e sintomas, o contacto de um caso suspeito, provável ou confirmado deverá estar atento ao aparecimento de cefaleia, febre, calafrios, odinofagia (dor ao engolir alimentos), mal-estar, fadiga, erupção cutânea e adenomegalias.
Já os contactos assintomáticos podem “continuar as atividades diárias rotineiras, como trabalhar e frequentar a escola”, mas, durante o período de vigilância, é recomendado que evitem viagens longas e grandes distâncias para que “possa ser mais exequível e mais rápido o isolamento, na eventualidade de aparecimento de sinais e ou sintomas”.
“O período de contágio correlaciona-se com o início de sintomas, pelo que não será necessário o isolamento dos contactos enquanto assintomáticos”, adianta ainda a orientação da autoridade de saúde.
Quanto às medidas de saúde pública, a DGS recomenda que, perante um caso suspeito, provável ou confirmado, deve proceder-se ao isolamento e manter o distanciamento físico até à resolução das lesões (queda das crostas), assim como privar-se de permanecer no mesmo espaço se coabitar com crianças pequenas, grávidas e pessoas imunodeprimidas.
Entre outras medidas, deve ainda ser mantida abstinência sexual e privação de contactos próximos (coabitantes e familiares próximos), garantida a higienização e desinfeção de objetos de uso pessoal, vestuário, roupas de cama, atoalhados e superfícies do espaço doméstico e limpas as superfícies duras com detergentes com cloro e deixando secar ao ar.
A orientação recomenda que se evite o contacto próximo com animais domésticos e outros animais, em especial roedores, e que se lave o vestuário e têxteis com água quente e detergentes habituais, ou, quando possível, numa máquina de lavar acima dos 60 graus centígrados, utilizando um ciclo de lavagem prolongado.
Esta é a primeira vez que um surto de Varíola-dos-macacos é detetado em Portugal, num contexto de ocorrência de casos a serem reportados por vários países desde o início de maio.
O período de incubação varia entre cinco e os 21 dias, sendo em média de seis a 16 dias e os sintomas iniciam-se com febre, cefaleia, astenia, mialgia ou adenomegalias, aos quais se segue o aparecimento do exantema (erupção cutânea).
A transmissão de pessoa para pessoa geralmente verifica-se por contacto próximo com um doente, especialmente face a face sem proteção adequada, e no contexto de relações que impliquem contacto íntimo e prolongado, refere a DGS.
“Embora o contacto físico próximo seja um fator de risco bem conhecido para a transmissão, não está claro, neste momento, se o VMPX pode ser transmitido, especificamente, por via sexual. Estudos adicionais são necessários para esclarecer esta via de transmissão”, adianta ainda a orientação.
O inclui duas variantes geneticamente distintas – a linhagem da Bacia do Congo (VMPX-BC) e a da África Ocidental (VMPX-AO) – que, apesar de se manifestarem por quadros clínicos semelhantes, apresentam perfis genéticos e de virulência distintos, sendo a VMPX-BC associada a surtos de maior gravidade.
Em Portugal, foram reportados 100 casos confirmados que ocorreram entre 29 de abril e 30 de maio, estando em curso a investigação do surto em colaboração com os clínicos, as autoridades de saúde e as entidades nacionais e internacionais.
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