“Do que já se conhece, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e as organizações que fazem parte da comissão de avaliação chamam a atenção, nomeadamente, para duas questões que a Plataforma tem vindo a colocar desde há muito tempo, que é o problema do ruído, não apenas no Barreiro e na Moita, (…) e os perigos para aviação e para a avifauna”, disse José Encarnação, da Plataforma.
José Encarnação salientou que, apesar de os concelhos da Moita e do Barreiro serem dos mais atingidos, “os aviões vão começar a sua fase descendente de aproximação à pista do Montijo a partir da Quinta do Conde, no concelho de Sesimbra”.
“Estamos a falar de 16 km em que os aviões vão começar a perder altitude e, portanto, vão ser mais de cem mil pessoas afetadas neste concelho”, considerou.
O responsável realçou ainda que existe “um problema de acessibilidades” que “não está suficientemente claro”.
“Como é que se tiram milhares de pessoas da zona do Montijo sem acessibilidades, porque a Ponte Vasco da Gama é o que se sabe e, portanto, não serão os catamarãs supostamente mais rápidos ou não será um ‘shuttle’ que utilize a Ponte Vasco da Gama, porque a Ponte Vasco da Gama, no seu decurso normal, já está completamente tropeada com as populações da margem sul que utilizam aquela travessia para chegar a Lisboa”, afirmou.
José Encarnação salientou ainda os “perigos para as aves, os impactos negativos nos habitats das aves e na vida das aves e os perigos que decorrem de haver um conjunto de 200 mil aves que estão referenciadas”, que “percorrem aquela zona, que podem colidir com os aviões e provocar acidentes graves”.
O dirigente estranhou também que o período de consulta pública do Estudo de Impacte Ambiental (EIA) decorra durante uma altura tradicional de férias, na qual as pessoas não estão tão atentas, quando não deverá ser tomada uma decisão antes das eleições legislativas de outubro.
“Estranhamos a escolha deste período, que pode indiciar uma desvalorização relativamente a um processo de participação que se quer o mais participado possível”, sublinhou, acrescentando que a plataforma vai “fazer um plenário para aprovar um parecer até ao final do mês de agosto” e adotar iniciativas “para dinamizar uma grande discussão pública e uma intervenção das pessoas”.
O EIA do futuro aeroporto do Montijo, que entrou hoje em consulta pública, aponta diversas ameaças para a avifauna e efeitos negativos sobre a saúde da população por causa do ruído.
Do conjunto da documentação disponibilizada no ‘site’ da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) consta um aditamento entregue este mês em que se reconhece um impacte "muito significativo" para uma espécie de ave (fuselo - Limosa lapponica), "moderadamente significativo" para nove espécies e "pouco significativo" para 18 outras.
Outros dos impactes negativos esperado para a fase de exploração do futuro aeroporto do Montijo está associado à perturbação pelo ruído decorrente do atravessamento de aeronaves numa parte do território do Barreiro e da Moita, "que poderá condicionar a expansão urbanística prevista para este território", refere o EIA, que prevê que o concelho mais afetado seja o da Moita.
A ANA e o Estado assinaram em 8 de janeiro o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa (Humberto Delgado) e transformar a base aérea do Montijo no novo aeroporto de Lisboa.
O projeto do Aeroporto do Montijo e respetivas acessibilidades, para além da construção de um novo aeroporto na região de Lisboa, engloba também a construção de um novo acesso rodoviário, que permitirá estabelecer a ligação do futuro aeroporto à A12.
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