Numa audição hoje no parlamento, o presidente da Associação Nacional de Conservação da Natureza Quercus, Paulo do Carmo, disse ser “aceitável” a escolha da localização Montijo, quando comparada com a localização da mesma infraestrutura em Alcochete.

“Um aeroporto em Alcochete seria uma situação catastrófica em termos ambientais”, defendeu o ambientalista, considerando que um novo aeroporto de Lisboa nesta localização “seria muito mais desfavorável e com mais impactos” em termos ambientais.

“Montijo parece-nos aceitável”, afirmou, argumentando que esta localização, comparada com a de Alcochete, “é um mal menor, desde que cumpridos requisitos de proteção do impacte” ambiental da nova estrutura.

A Quercus disse ainda que a acessibilidade principal ao aeroporto do Montijo devia ser ferroviária e insistiu que a maior preocupação é o ruído.

“Estamos a falar de uma densidade populacional bastante grande, as casas não têm condições de insonorização. E há muitas pessoas que vivem da reforma e não têm dinheiro para obras em casa”, afirmou Paulo do Carmo, sugerindo a criação de um fundo de compensação “para adaptar” as casas a essa poluição sonora.

“Não defendo [a escolha da localização] o Montijo. Mas se o resultado do estudo de impacte ambiental for positivo e foram tomadas medidas, penso que é um mal menor”, concluiu.

O Bloco de Esquerda (BE), que requereu a audição da Quercus, criticou o Governo por ter anunciado não existir plano B se não avançar no Montijo o projeto do novo aeroporto.

“O Governo procurou acelerar passos na resolução de aumentar a capacidade aeroportuária da região de Lisboa. Mas não existe apenas uma alternativa para atacar o problema. Há uma condicionante errada produzida pelo governo, a de que não há plano B”, afirmou o deputado do BE Heitor de Sousa.

Em meados de abril, a ANA – Aeroportos de Portugal anunciou estar concluindo o Estudo de Impacte Ambiental (EIA) do aeroporto do Montijo, mas as conclusões não são ainda conhecidas, nem pelos ambientalistas nem pelos deputados.

A ANA e o Estado assinaram em 08 de janeiro o acordo para a expansão da capacidade aeroportuária de Lisboa, com um investimento de 1,15 mil milhões de euros até 2028 para aumentar o atual aeroporto de Lisboa (Humberto Delgado) e transformar a base aérea do Montijo no novo aeroporto de Lisboa.

Em 04 de janeiro, o então ministro do Planeamento e das Infraestruturas, Pedro Marques, assegurou que vão ser integralmente cumpridas eventuais medidas de mitigação definidas no estudo de impacto ambiental.

O primeiro-ministro, António Costa, por seu turno, afirmou que apenas aguarda o EIA para a escolha da localização do novo aeroporto ser "irreversível".

Em 11 de janeiro, António Costa admitiu que "não há plano B" para a construção de um novo aeroporto complementar de Lisboa caso o EIA chumbe a localização no Montijo e voltou a garantir que "não haverá aeroporto no Montijo" se o EIA não o permitir.