"As pessoas sentem-se abandonadas. Não se entende porque não foi o bloco 16 incluído nesta fase, sendo aquele que está em pior estado", lamentou a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, que visitou hoje o Bairro da Pasteleira Velha a pedido dos moradores.

Segundo os moradores, o bloco de 16 "está em perigo" há mais de dez anos. No local, à vista desarmada é possível ver a degradação das paredes exteriores, com pedaços de fachada em falta e as escadas de acesso aos pisos reforçadas com estruturas metálicas devido à insegurança das mesmas.

"O Bloco 16, onde vivem mais de 30 famílias, está em mísero estado. É mesmo escandaloso: são pedras a cair, são escadas em péssimas condições, com gradeamentos [de segurança] a sair, são bichos nos apartamentos, humidade", observou.

Ouvidos pela CDU, os moradores criticaram ainda a intenção de transformar as marquises, colocadas há 20 anos pela autarquia, em corredores comuns, retirando espaço, privacidade e segurança aos residentes.

Atualmente, os moradores do rés-do-chão têm entrada independentes, sendo o acesso à habitação feito por uma porta existente nas respetivas marquises.

A dividir as habitações existe uma parede, o que permite, explicaram alguns moradores, em declarações à Lusa, ter "casas independentes".

Depois de concluída a intervenção no bloco 1, nesta fase a Câmara do Porto vai reabilitar os blocos 2 a 9, 11, 13 e 15 e 3 blocos 10, 12, 14 e 17 a 22, num investimento próximo dos sete milhões de euros.

Segundo divulgou o município, em janeiro, "as fachadas, os vãos envidraçados exteriores, as caixas de escadas coletivas e a cobertura são alguns dos melhoramentos que estão previstos nesta obra de beneficiação do complexo habitacional da Pasteleira".

Maria Odete e João Correia, moradores no bairro há 50 anos dizem não compreender o objetivo de retirar o acesso exclusivo da marquise aos moradores do rés-do-chão e lamentam nunca terem sido ouvidos.

O casal explicou que a maioria dos moradores usa a marquise como um espaço extra para colocar máquinas ou armários de arrumação, devido à exiguidade do espaço dentro de casa. Outros usam aquele espaço como abrigo para os animais.

"Em outros bairros, como o do Carvalhido ou da Fonte da Moura, onde fizeram obras, não retiram as marquises. Porque é que aqui vão retirar?", questionou Adelaide Cardoso, moradora no bairro há 60 anos.

Lamentando o estado de degradação do bairro, Ilda Figueiredo apelou à maioria municipal que faça uma revisão orçamental, que inclua obras no bloco 16, "antes que haja aqui uma desgraça" e tenha em conta as queixas dos moradores.

Sublinhando o grande descontentamento com que se deparou hoje durante a visita, a vereadora lembrou que a autarquia teve um saldo positivo de 96 milhões de euros que deve ser usado, por exemplo, para resolver problemas como estes nos bairros sociais.

De acordo com a vereadora, que vai levantar a questão na próxima reunião do executivo, existe já um abaixo assinado com "centenas de assinaturas" em desacordo com o projeto de reabilitação do bairro, proposto pela Câmara do Porto.

Situado na União das Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, o Bairro da Pasteleira foi construído em 1960 e é composto por 606 fogos, distribuídos por 27 blocos onde moram aproximadamente 1.500 pessoas.

A Lusa tentou obter mais esclarecimentos junto da autarquia, mas até ao momento sem sucesso.

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