Os residentes queixam-se, sobretudo, de fendas, infiltrações, escorrências ao longo do muro que desabou e acumulação de águas nos terraços.
Falando durante uma visita, que contou com a presença do vereador da Câmara de Lisboa João Ferreira, do PCP, e começou num café da rua Damasceno Monteiro, Mónica Soares garantiu que “não é preciso ser-se engenheiro” para perceber o que ali se passa.
“A impermeabilização do terraço foi mal feita. Entra água como se estivéssemos na rua. Nas escadas [no interior do prédio] é como se fosse uma autêntica queda de água”, contou à agência Lusa a moradora do número 106, o mais afetado.
“Mesmo em dias de sol, a água está sempre a cair”, acrescentou outra moradora.
Mónica Soares insistiu que há problemas que o município alega que são preexistentes que não o são, garantindo que “o terraço foi todo reconstruído”.
“A preexistência que há é a incompetência”, atirou a moradora.
À semelhança dos restantes vizinhos, Mónica Soares criticou o facto de a Câmara Municipal de Lisboa, liderada pelo socialista Fernando Medina, declinar “qualquer responsabilidade acerca disso”.
“É preciso apurar responsabilidades. Efetivamente há um culpado”, defendeu, por seu turno, Maria Helena Santana.
Também Luís Tovar espera uma resposta da autarquia. Segundo o morador, teve de desmontar um anexo para a reconstrução do muro, estando a aguardar que a câmara lhe dê um cheque “para reconstruir aquilo que foi deitado abaixo”.
Eduardo Gonçalves, proprietário de um café, teve de encerrar o estabelecimento durante cerca de nove meses. Não tem problemas de maior, mas diz esperar uma indemnização por parte da autarquia da capital.
Após ouvir as questões dos moradores, o vereador João Ferreira afirmou à Lusa que vai “exigir que a câmara repare estas situações que, claramente, resultam das obras que ela própria fez e que em relação ao resto, em relação ao apuramento de responsabilidades, que leve esse processo até ao fim, o mais rapidamente possível”.
“Em princípio, tudo indica que estamos perante deficiências de obra que têm de ser verificadas, apuradas as responsabilidades e, sobretudo, corrigidas no imediato. Há situações, como é o caso aqui [garagem construída de novo e com infiltrações], mas também no 106, em que as próprias casas ficam inundadas, que têm de ser corrigidas rapidamente”, salientou o autarca.
"Claramente há aqui um conjunto de situações que resulta ou do desabamento do muro ou da intervenção posterior feita pela câmara. Portanto, há, em qualquer caso, responsabilidades da câmara disto", reforçou João Ferreira.
Em 27 de fevereiro do ano passado, parte do muro (de propriedade privada) do condomínio Villa Graça, no bairro Estrela d'Oiro, ruiu pelas 05:40, provocando um deslizamento de terras para as traseiras de cinco edifícios da rua Damasceno Monteiro (dos números 102 ao 110).
A autarquia evacuou os cinco prédios afetados e teve de realojar um total de 78 pessoas.
A Câmara de Lisboa assumiu como primeira prioridade o apoio às pessoas desalojadas, seguindo-se a questão das obras para recuperar a segurança do espaço afetado e, por último, o apuramento das responsabilidades do desastre ocorrido.
Em 09 de março do mesmo ano, a autarquia aprovou, por unanimidade, uma proposta para o investimento de 3,18 milhões de euros na estabilização do muro que colapsou e na recuperação dos prédios afetados.
Segundo disse um morador hoje à agência Lusa, as últimas pessoas a regressar às suas casas fizeram-no em novembro de 2017.
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