A Quinta de Santo António, localizada na freguesia da Penha de França, está a ser demolida “por razões de segurança e falta de condições de habitabilidade”, tendo a câmara realojado as 23 famílias “no seguimento do recenseamento rigoroso feito a todos os agregados que estavam nesta casa”, revelou a autarquia numa nota hoje enviada à Lusa.
Intervindo na Assembleia Municipal, Danilson Dias contou que está a ocupar uma casa municipal e que “as pessoas estão a ser pressionadas”, criticando a atitude “dos policiais e dos senhores da obra que vão lá e cortam a água de vez em quando”.
“Como é que alguém é capaz de deixar pessoas sem água e sem luz?”, questionou o jovem, acrescentando que os moradores na sua situação precisam “de um lar de acordo com aquilo” que podem pagar.
“Recebemos uma carta de despejo da Polícia Municipal e querem demolir as casas. Nestas casas há muitas famílias, há crianças, há adultos”, afirmou outro munícipe em situação semelhante.
António Vasconcelos Coimbra partilhou que é estudante, que vive com a mãe, que ganha cerca de 500 euros, pelo que não têm outra opção.
“Ocupámos uma casa, não é nossa, mas (…) como é que eu ia para a escola a dormir na rua? Como é que a minha mãe ia para o trabalho a dormir na rua?”, perguntou o jovem, que deixou um apelo: “Eu só peço uma solução, porque nós não temos outra opção”.
Por seu turno, Ianes Dias Cardoso defendeu que a casa onde habita “tem condições” e que está a ser despejado como se fosse “lixo”.
A vereadora da Habitação, Paula Marques (Cidadãos por Lisboa, eleita na lista do PS), esclareceu que “todas as famílias com crianças estão a ser acompanhadas”.
“Todas as outras pessoas [em situação ilegal] serão contactadas para as sensibilizarmos que [a quinta] tem de ser mesmo demolida”, declarou Paula Marques, reiterando que “estas habitações não têm condições”.
A responsável pelo pelouro da Habitação referiu também que algumas famílias tinham solução habitacional.
Fonte oficial do gabinete da vereadora afirmou à Lusa que “a Polícia Municipal tem indícios de que haverá 16 ocupações abusivas recentes”, sendo que algumas famílias não estão permanentemente nas habitações.
“Os espaços ocupados não têm condições de segurança nem de habitabilidade, podendo pôr em risco estas pessoas”, destaca a nota enviada pela autarquia.
“Vamos continuar a acompanhar este processo, redobrando o alerta e a nossa preocupação para com a situação de insegurança em que estas famílias foram colocadas, sendo necessária a demolição deste edificado”, reforça a câmara.
Na sessão de hoje, o deputado independente Rodrigo Mello Gonçalves perguntou à vereadora da Habitação qual o número de casas ocupadas abusivamente na cidade, não tendo Paula Marques respondido.
Este tem sido um pedido feito por várias forças políticas, tanto na Câmara de Lisboa como na Assembleia Municipal, ao qual a autarquia ainda não respondeu.
A Lusa também já pediu esta informação ao município lisboeta, mas não obteve resposta.
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