"Após uma vida definida pela sua paixão pela arte contemporânea, a galerista, colecionadora e filantropa, figura chave para o desenvolvimento da arte contemporânea e principal impulsionadora do museu que tem o seu nome em Cáceres, morreu hoje em Madrid com 88 anos, deixando um legado que permanecerá para a posteridade", lê-se num comunicado da Fundação e do Museu Helga de Alvear.
Para a diretora do museu, a portuguesa Sandra Guimarães, citada no mesmo comunicado, "Helga de Alvear será sempre lembrada pela sua admirável generosidade e o seu imprescindível papel no desenvolvimento do contexto artístico espanhol e internacional".
"Graças à sua generosidade e ao seu férreo compromisso com a sociedade contamos hoje com uma das coleções internacionais de arte contemporânea mais relevantes da Europa e podemos continuar a trabalhar para cumprir o seu sonho: transformar a vida das pessoas através da arte. Helga de Alvear tem um lugar próprio na história da arte contemporânea", afirmou Sandra Guimarães.
A galerista e colecionadora foi condecorada há um ano com a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura de Portugal, em Cáceres, Espanha, numa cerimónia com a presença do então ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, e o homólogo espanhol, Ernest Urtasun, e durante a inauguração de uma exposição antológica do artista português Carlos Bunga no Museu Helga de Alvear, em Cáceres, na região da Extremadura.
Entre as condecorações que recebeu ao longo da vida, estão ainda a Medalha da Extremadura em 2007, a Medalha de Ouro ao Mérito nas Belas Artes do Ministério da Cultura de Espanha em 2008, a Cruz da Ordem do Mérito Civil da Alemanha em 2014 ou a Medalha Internacional das Artes da Comunidade de Madrid em 2020.
Nascida na cidade de KirnNahe, na Alemanha, em 1936, Helga de Alvear estudou na Escola Salem, perto do Lago de Constança, e posteriormente em Lausana e Genebra, na Suíça, prosseguindo os estudos em Londres.
Em 1957, Alvear viajou para Espanha para aprender espanhol e conheceu o arquiteto Jaime de Alvear, com quem se casou em 1959 e fixou residência em Madrid.
Foi na década de 1960 que entrou em contacto com artistas do grupo de Cuenca e do grupo de El Passo, interessando-se cada vez mais pelo panorama artístico espanhol. Começou a trabalhar na década seguinte na Galeria Juana Mordo, assumindo a direção em 1984, após a morte da galerista.
Em 1995, Helga de Alvear decidiu dar uma viragem na sua carreira e abriu uma nova galeria com o seu próprio nome num espaço de mais de 900 metros quadrados junto ao Museu Reina Sofía, em Madrid, com especial ênfase na fotografia, no vídeo e na instalação, numa altura em que estes meios eram praticamente desconhecidos em Espanha.
"Atualmente, a galeria de Helga de Alvear é uma das mais sólidas e de maior trajetória em Espanha, com inegável reconhecimento internacional, e a sua coleção é considerada uma das mais relevantes da Europa. Muitas das obras da coleção ocuparam as salas dos museus de todo o mundo", sublinharam a Fundação e o Museu Helga de Alvear, no comunicado divulgado hoje.
A Fundação foi constituída em 2006, em 2010 foi inaugurado o Centro de Artes Visuais de Cáceres e em 2021 o Museu de Arte Contemporânea Helga de Alvear, com a presença dos Reis de Espanha.
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