"O mundo do livro perde uma personalidade extraordinária, uma figura brilhante e essencial", lamentou a Associação Italiana de Editoras, que organizará uma cerimónia em sua homenagem em outubro por ocasião da Feira do Livro de Frankfurt.

Nascida em Essen, na Alemanha, Inge residia na Itália desde a década de 1960 após o seu casamento com Giangiacomo Feltrinelli, fundador da casa editorial homónima, herdeiro de uma das maiores fortunas do país e ativista de extrema-esquerda, que morreu em 1972 quando, aparentemente, instalava explosivos numa torre de alta tensão como ato de sabotagem.

Como escreve o ABC, foi em 1967 em que passou a gerir a administração editorial da Feltrinelli, depois do marido passar à clandestinidade. Sob a sua liderança, a editora publicou autores em Itália como Marguerite Duras, Isabel Allende, Gabriel García Márquez, Daniel Pennac, Antonio Tabucchi, Banana Yoshimoto e Stefano Benni e abriu mais de 100 lojas.

Filha de judeus alemães que se refugiaram em Espanha, iniciou a sua carreira como fotógrafa e realizou retratos de Picasso, Greta Garbo e John Fitzgerald Kennedy.

"Deixou-nos uma mulher que soube distinguir a qualidade e que trouxe à Italia e em Milão, nos últimos 50 anos, escritores, escritoras, editores, intelectuais internacionais, criando um contexto de riqueza inestimável", recordou em comunicado a editora Feltrinelli.

No mesmo documento recorda-se que Inge Feltrinelli foi consagrada com a Ordem do Mérito da República Italiana em 1986, passando a Grande Oficial da Ordem de Mérito da República Italiana em 2013, e obteve também a Cruz de Cavaleiro da Ordem de Mérito na República Federal da Alemanha em 1999 e o título de Comandante da Ordem das Artes e das Letras da França em 2002.

O grupo Feltrinelli, que ficará a cargo do filho Carlo, com quem co-dirigia há várias décadas, possui o controlo da editora Anagrama, entre as de maior prestígio da América Latina. O grupo editorial ficou famoso por ter publicado pela primeira vez "Doutor Jivago", de Boris Pasternak, em 1957, provocando a indignação da então União Soviética, e por publicado "O Leopardo", de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, hoje considerado um dos mais importantes romances de sempre da história literária italiana, depois de ter sido recusado por todas as outras editoras.

Amanhã, todas as livrarias da casa editorial vão recordar Inge Feltrinelli ao passar a "Valzer brillante" do filme "Il Gattopardo" em sua honra.

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