Hiriart Rodríguez, considerada a mulher forte do regime militar, teve várias idas e vindas ao hospital Militar de Santiago nos últimos meses. A 10 de dezembro, quando se completaram 15 anos do falecimento do seu marido, fez 98 anos, segundo a certidão de nascimento à qual a AFP teve acesso.

A biografia de Hiriart, escrita pela jornalista Alejandra Matus, assegura que foi inscrita no registo civil um ano depois do seu nascimento. Portanto, segundo esta versão, teria na verdade 99 anos.

"Penso que a partida da senhora Lucía é um marco final de uma época com mais luzes do que sombras. Uma etapa da história que deve deixar lições para as gerações futuras", disse o senador de direita Iván Moreira, em vídeo enviado à AFP.

"Efetivamente, até onde sei, a notícia está confirmada", disse à AFP o ex-coronel do Exército e ex-guarda-costas de Pinochet Cristian Labbé, a quem a TV Nacional do Chile confirmou ter entrado no apartamento onde faleceu a viúva do ex-ditador, para dar os pêsames aos seus filhos.

Órgãos locais como a CNN-Chile, a Televisión Nacional e os jornais El Mercurio e La Tercera também confirmaram a morte da mulher do general que governou o Chile entre 11 de setembro de 1973 e 11 de março de 1990, com um balanço de mais de 3.200 mortos e desaparecidos.

Nem o Exército, nem o Hospital Militar confirmaram a morte de Hiriart à AFP.

Imediatamente após a divulgação pela imprensa da morte de Lucía Hiriart, várias pessoas entraram nos seus carros e fizeram um "buzinão" como forma de comemoração de um evento esperado há anos.

Centenas de pessoas reuniram-se na praça Itália, no centro de Santiago, comemorando a morte da viúva do ex-ditador.

No Twitter existe uma conta chamada "¿Se murió la vieja?" (A velha morreu?), com 54.000 seguidores e que reportava diariamente a condição de saúde de Lucía Hiriart. Hoje, publicou um "Sim", que foi compartilhado por mais de 23.000 utilizadores.

A morte ocorre a três dias do segundo turno das presidenciais em que se enfrentam o esquerdista Gabriel Boric e o ultradireitista José Antonio Kast, que defende a ditadura de Pinochet, e quando os dois candidatos encerravam as suas campanhas.