Segundo uma nota de pesar do CRIA – Centro em Rede de Investigação em Antropologia, do qual foi fundador, José Gabriel Pereira Bastos era “um dos cientistas sociais portugueses mais criativos e mais inovadores, com um fôlego e uma ambição teóricas raras”.
Psicanalista de formação e com uma experiência acumulada de décadas como terapeuta, era, segundo o CRIA, uma das pessoas que mais profundamente conhecia o pensamento de Freud e os meandros da sua obra.
“Tomou as teorias deste autor como ponto de partida para um quadro explicativo capaz de fundar uma antropologia geral, uma teoria global do ser humano cuja dimensão integrativa e transdisciplinar visasse derrubar o que chamava de ‘estilhaçamento disciplinar’”, lê-se na nota.
José Bastos integrou o departamento de Antropologia da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa e, em articulação com a psicanálise, desenvolveu uma teorização sobre a antropologia dos processos identitários.
Este trabalho forneceu a fundamentação teórica, para mais de uma dezena de projetos de investigação financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia no âmbito do Centro de Estudos de Migrações e Minorias Étnicas da FCSH da Universidade Nova.
Para o CRIA, “a sua perda é realmente irreparável na medida em que estava na plena posse das suas capacidades, da sua acutilância, da sua criatividade; e, mais especificamente, prende-se com o facto de não ter conseguido finalizar o texto que deveria ser a sua obra mais significativa: um livro sobre o pensamento de Freud, o qual, na verdade, seria um livro sobre o pensamento de José Gabriel Pereira Bastos a partir da obra do criador da psicanálise.”
Entre as diversas actividade que exerceu, foi professor associado com Agregação em Antropologia e Psicanálise na FCSH, durante 23 anos, local onde se formou em antropologia, foi co-fundador do Centro de Estudos de Migrações e Minorias Étnicas e docente no Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA), onde estudou.
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