Segundo reporta a agência Associated Press, George Steiner, homem dos mil ofícios intelectuais — foi professor, crítico literário, escritor e filósofo — já se encontrava "com pouca saúde" antes da morte. O intelectual deixa centenas de ensaios, poemas, livros e a novela "The Portage to San Cristobal of A.H.".

Nascido em 1929 em Paris, França, no seio de uma família de judeus austríacos que para essa cidade se mudou para escapar ao crescimento do nazismo, Steiner recebeu desde cedo uma educação formal, aprendendo a falar alemão, inglês e francês, e lendo os clássicos da literatura grega.

Tais ferramentas permitiram-lhe tornar-se num dos maiores pensadores do século XX, continuando a sua formação em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América, para onde fugiu com a família em 1940, um mês antes de Paris ser ocupada pelas forças nazis.

George Steiner fez a sua formação na Universidade de Chicago e na Universidade de Harvard, antes de se mudar para Reino Unido, ingressando na Universidade de Oxford, onde fez o seu doutoramento em Filosofia. Pelo meio, trabalhou na revista The Economist, tendo um dos seus trabalhos sido o de entrevistar um dos criadores da bomba atómica, J. Robert Oppenheimer, que o convidou para estudar no Instituto de Estudos Avançados de Princeton.

O nazismo e o Holocausto foram temas dominantes na obra de George Steiner, que viveu fascinado com a linguagem e com o poder da literatura a par da sua impotência face a acontecimentos como o extermínio dos judeus durante a II Guerra Mundial.

"Espanta-me, por ingénuo que possa parecer às pessoas, que se possa usar a linguagem para amar, construir, perdoar, mas também para torturar, para odiar, para destruir e para aniquilar", afirmou em 1990 em palestras na Universidade de Glasgow (Escócia) vertidas em livro.

Durante a sua vida, Steiner ensinou em inúmeras universidades, sendo de destacar a de Cambridge e a de Genebra, na Suíça, onde lecionou durante 20 anos. O intelectual colaborou também com várias publicações de menção, como a The New Yorker, o The Guardian e o suplemento literário do the Times, sendo responsável ainda por dar a conhecer autores como Walter Benjamin e Paul Celan.

Ao longo de 90 anos, Steiner foi agraciado com o título de Cavaleiro da Legião de Honra pelo governo francês, tendo recebido o prémio Truman Capote pelo seu trabalho de crítica literária e sido um membro da Academia Americana de Artes e Letras.

Steiner casou-se com a sua mulher, a historiadora Zara Shakow, em 1955, tendo os dois tido dois filhos: David Steiner, diretor Instituto Johns Hopkins para Políticas Educacionais, e Deborah Steiner, presidente do departamento de clássicos da Universidade de Columbia.