A notícia foi avançada inicialmente pela BBC. Morreu "pacificamente enquanto dormia" nas Bahamas, revelou o filho do ator à emissora britânica. Jason Connery adiantou ainda que o pai já se encontrava "doente há algum tempo". Em agosto, tinha celebrado o seu 90.º aniversário.
Jason Connery referiu que o pai "teve muitos da sua família que podiam estar nas Bahamas à sua volta" quando faleceu subitamente. "Estamos todos a trabalhar para compreender este enorme acontecimento recente, apesar de o meu pai estar doente há algum tempo", disse.
"Um dia triste para todos os que conheceram e amaram o meu pai e uma triste perda para todas as pessoas em todo o mundo que desfrutaram do maravilhoso dom que ele tinha como ator", completou.
Ao longo da sua carreira, que durou várias décadas, ganhou um Óscar (por "Intocáveis"), dois prémios BAFTA e três Globos de Ouro.
O ator escocês ficou conhecido pela sua interpretação de James Bond, sendo o primeiro a levar o papel para o cinema e aparecendo em sete dos filmes da saga 007, tendo-se tornado, para muitos dos fãs da série, no verdadeiro James Bond.
Um dos filmes, o "007 ao serviço de sua majestade", o primeiro filme sem Connery como James Bond (o papel foi dado a George Lazenby, talvez o mais esquecido dos ‘agentes secretos’), foi rodado em Portugal.
Mas Sean Connery chegou a filmar em Lisboa, ao lado da atriz Michelle Pfeiffer, quando protagonizou, em 1988/89, “A Casa da Rússia”, filme de Fred Schepisi, baseado num romance de John Le Carré.
As cenas em Lisboa foram dirigidas pelo realizador português José de Sá Caetano.
Outros títulos de sucesso de Sean Connery foram “Caça ao Outubro Vermelho”, “Indiana Jones e a Última Cruzada”, “O Rochedo”, “O Nome da Rosa” ou “Os Intocáveis”.
Recebeu um Óscar em 1988 como melhor ator secundário no filme “Os Intocáveis”, em que interpretou um polícia irlandês, e um Globo de Ouro pela sua carreira em 1996.
Distribuidor de leite, polidor de caixões e modelo. Depois, James Bond
Em 2000, Thomas Sean Connery, que nasceu na zona de Fountainbridge, em Edimburgo, em 25 de agosto de 1930, filho de um operário católico e uma empregada doméstica protestante, foi nomeado cavaleiro pela rainha de Inglaterra, passando a poder ser designado como Sir.
Antes de ser ator, Connery – que deixou a escola aos 13 anos – foi distribuidor de leite, polidor de caixões, assentador de tijolos, salva-vidas, modelo no Edinburgh College of Art e condutor de camiões.
Mais tarde, entrou para a Marinha Real, onde ficou três anos, até ser considerado inválido por ter úlceras estomacais.
De regresso a Edimburgo, ganhou reputação de "homem duro" por enfrentar um gangue de seis homens que lhe tentaram roubar o casaco. Essa fama ajudou-o, mais tarde, a conquistar o papel do espião James Bond.
Carismático e de personalidade forte, Sean Connery foi nomeado, em 1989 – com quase 60 anos – o "homem vivo mais sexy do mundo" pela revista People, título que o ator recebeu com humor: "Bom, não existem muitos mortos sensuais, não é?", afirmou. Até mesmo em “A Armadilha”, em que partilhou a tela com uma bem mais jovem Catherine Zeta-Jones, os seus papéis justificaram quase sempre a escolha. A idade parecia apenas intensificar o seu sex appeal e virilidade.
A carreira começou muito antes, mas pelos anos 90 a sua popularidade era tal que até mesmo uma aparição especial e curta enquanto King Richard em “Robin Hood: O Príncipe Dos Ladrões” se tornou num dos momentos mais memoráveis do filme. Fez parte do elenco de outros filmes como “Os últimos Dias do Paraíso”, “O Rochedo”, ou “O Primeiro Cavaleiro” que ajudaram a cimentar o estatuto — e sempre a receber um bom salário, de acordo com a sua popularidade.
Em 1999, depois de ter vendido a sua propriedade em Marbella, em Espanha, Connery e Roquebrune foram investigados por suspeita de terem defraudado o Tesouro espanhol em cerca de 6,1 milhões de euros, mas o ator, ao contrário da sua mulher, não chegou a ser processado.
Depois de participar no filme "A Liga dos Cavalheiros Extraordinários", em 2003, o ator deixou o cinema e vivia, desde então, nas Bahamas.
Cinco anos depois, em 2008, o ator, que defendia a independência da Escócia, lançou um livro autobiográfico intitulado “Being a Scot” (“Ser Escocês”), referindo que “ser escocês fez toda a diferença” na sua vida. A primeiro-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, já reagiu à notícia da sua morte. "Fiquei desolada ao saber esta manhã da morte de Sir Sean Connery. A nossa nação chora hoje um dos seus filhos mais queridos".
Casou duas vezes, primeiro com a atriz australiana Diane Cilento, com quem teve o seu único filho, Jason, e depois com a artista francesa Micheline Roquebrune.
Uma das últimas vezes em que apareceu publicamente foi através de uma fotografia que a sua nora, a cantora irlandesa Fiona Ufton, atual parceira de Jason Connery, publicou, há um ano, no Instagram, para lhe enviar os parabéns pelos seus 89 anos.
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