“Construir 55 quilómetros de estrada, destruindo centenas de hectares de campo e terras agrícolas familiares, fruto de expropriação, para economizar aos condutores apenas alguns minutos na viagem entre Lisboa e Madrid, sem trazer qualquer benefício para Idanha, será hoje, e no futuro, lembrado como um lamentável e irreparável erro”, afirmou o movimento, numa carta aberta à qual a agência Lusa teve acesso.

O movimento Idanha Viva integra um coletivo de atuais e futuros residentes e proprietários de terras e edificado no concelho de Idanha-a-Nova, no distrito de Castelo Branco.

Há cerca de um ano entregaram à ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, um manifesto, através do qual expressavam a "mais profunda preocupação com a ideia de construção do IC31".

Manifestaram também a sua posição junto do município de Idanha-a-Nova e juntas de freguesia do concelho.

Agora, vão enviar esta carta aberta aos mesmos destinatários.

O movimento pediu “transparência e inclusão” nas decisões que os afetam” e realçou que, nos últimos 30 anos, a região de Idanha-a-Nova, caracterizada por um acentuado decréscimo e envelhecimento populacional, tem assistido à chegada de novos residentes (portugueses e estrangeiros) que procuram ali estabelecer as suas famílias e, com isso, revigorar a vida social, económica, cultural e turística do concelho.

“O apelo de Idanha-a-Nova reside na qualidade de vida que proporciona. Longe da vida frenética das grandes cidades, novos e antigos residentes encontram paz e tranquilidade, ar e água limpos, paisagens, aldeias e ruínas romanas únicas e um estilo de vida mais humano”, sublinharam.

Os subscritores da carta alegaram que o IC31 “colocará todos estes desenvolvimentos positivos em risco” e que “irá cortar, literalmente, uma das últimas regiões remanescentes de Portugal não divididas por grandes vias, razão pela qual alguns se mudaram para cá muito recentemente (...)”.

Argumentaram ainda que o “enorme potencial” para o ecoturismo sustentável, até pela presença de Monsanto e Idanha-a-Velha, duas das 12 Aldeias Históricas de Portugal, as únicas em Idanha-a-Nova, “está agora ameaçado”.

“O IC31 não é compatível com esta visão e os fundos para a sua construção poderão ser usados para melhorar a qualidade e segurança das estradas já existentes, em grande parte desertas, e para beneficiar diretamente a população local, através de projetos de infraestruturas de saúde, educacionais, turísticos, sociais e habitacionais, e o meio ambiente, em vez de os prejudicar”, sustentaram.

O movimento Idanha Viva realçou também a necessidade “urgente” de se aferir das “reais necessidades dos habitantes em oposição a interesses governamentais”.

“O mundo e Portugal mudaram. Outras prioridades surgiram. As alterações climáticas e a perda de ecossistemas são ameaças graves para Portugal e para esta região, podendo e devendo Idanha assumir um papel preponderante e pioneiro na construção de pontes humanas e ambientais, de regeneração, com a Europa e com o Mundo”, concluíram.

A Infraestruturas de Portugal (IP) lançou, recentemente, um concurso público para a elaboração do projeto de execução do IC31 entre Castelo Branco e Monfortinho, pelo preço base de 1,8 milhões de euros.

O projetado IC (itinerário complementar) 31 pretende ligar a A23, na zona de Alcains (Castelo Branco), à fronteira com Espanha, em Termas de Monfortinho (Idanha-a-Nova), e será constituído por dois troços distintos, assegurando-se um perfil transversal cuja largura da faixa de rodagem se mantém em toda a sua extensão.

O primeiro troço, com cerca de 25 quilómetros de extensão, tem início na A23, perto do quilómetro 133, onde vai ser construído um novo nó, nas proximidades da vila de Alcains, e termina na zona de articulação (IC31/EN239) a nascente de Proença-a-Velha (Idanha-a-Nova).

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