A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) disse à Lusa que a reclusa se evadiu "ao final da manhã de hoje" da "zona de admissão, onde tinha dado entrada no dia 8 de março".

"Trata-se de uma reclusa que reentrou no sistema prisional por ter visto revogada a liberdade condicional, vindo agora cumprir o remanescente de dois anos e 11 meses que lhe faltava cumprir de uma pena de 9 anos pelos crimes de furto, ofensa à integridade física qualificada e falsificação de documentos", refere a mesma fonte.

Os serviços prisionais já notificaram "os órgãos de polícia criminal competentes, estando a diligenciar-se no sentido da sua recaptura".

Em paralelo, "foi aberto processo de averiguações a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção" para "apurar as circunstâncias em que teve lugar a ocorrência", refere a DGRSP.

Segundo fonte prisional, a reclusa terá aproveitado uma ida ao pátio para fugir, utilizando uma cadeira para saltar a vedação e sair para um local do complexo onde estão bens apreendidos pelas autoridades.

O dirigente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) Frederico Morais considera que esta fuga mostra a “fragilidade da segurança” das prisões portuguesas, com poucos guardas e recursos inadequados.

“O sindicato tem vindo a alertar para a insegurança dos estabelecimentos prisionais e isto aconteceu”, disse Frederico Morais, considerando que a “segurança está em causa” pela falta de recursos de vigilância dos detidos.

O dirigente salientou que o previsto encerramento do Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL) e a transferência de alguns dos reclusos para Tires iria aumentar os riscos, porque este complexo, atualmente destinado a mulheres, tem menos capacidades de controlo da população prisional.

“Isto que aconteceu hoje iria repetir-se mais vezes com uma população prisional mais masculina e mais violenta”, avisou.

No início do mês, os sindicatos que representam os quadros prisionais alertaram que Portugal terá, até final deste ano, menos 36% dos guardas previstos no quadro de pessoal, subdimensionado para o número atual de reclusos.

Em conferência de imprensa conjunta dos sindicatos que representam as chefias e guardas prisionais, as estruturas sindicais alertaram para a insuficiência de quadros, pediram um subsídio de missão semelhante ao atribuído à Polícia Judiciária e alertam para o risco de “uma tragédia” nas prisões portuguesas.

Segundo o SNCGP, o quadro de pessoal, pensado para uma população de 10 mil reclusos, menos três mil do que a que existe, é de 4.977 elementos e só existem 3.885 guardas no ativo, um número que irá ser reduzido em menos sete centenas por motivos de reformas previstas até ao final do ano.