As vítimas, que falaram ao jornal sob anonimato, relatam momentos de violência sexual, assim como agressões físicas, assédio e ameaças à sua vida e à vida dos seus familiares.

Uma das vítimas contou que Karim esmurrou-a, agrediu-a sexualmente e depois apontou-lhe uma arma à cabeça, tendo ameaçado matar os seus familiares caso esta denunciasse o caso. Depois, o presidente da federação terá espalhado um rumor a seu respeito, nomeadamente que era lésbica, o que levou ao seu afastamento da equipa.

Segundo esta vítima, o comportamento de Keramuudin Karim era conhecido dentro e fora da equipa. “O seu comportamento tornou-se aceitável entre a equipa de futebol feminino”, relata, acrescentando que a ausência de denúncias se deve ao poder que este tem no governo e no sistema. “Ninguém lhe pode fazer frente porque ele é tão poderoso… Hoje as raparigas não podem erguer a voz porque estão com medo. Podem ser mortas”, acrescentou.

Uma segunda jogadora relatou ao jornal que Karim a tentou beijar, mas que conseguiu fugir, tendo-se mantido afastada da equipa durante um mês. No entanto, foi coagida a voltar. Este regresso foi acompanhado de abusos verbais — incluindo ameaças —, assédio e uma nova tentativa de agressão sexual, da qual conseguiu escapar graças a um telefonema recebido por Keramuudin Karim naquele momento.

Uma terceira vítima relata que foi ao gabinete de Keramuudin Karim para obter uma assinatura. “Eu estava a tentar afastá-lo enquanto ele me tentava beijar nos lábios e no pescoço. Disse-lhe para se comportar, que tinha a idade do meu avô, como poderia estar a comportar-se assim? Ele respondeu que não percebia porque me estava a comportar daquela forma, quando era tão amigável com ele lá fora”.

A jovem acabou por escapar da situação. “A primeira coisa que ele fez foi retirar-me da lista da equipa nacional para um estágio no exterior. Depois, insultava-me à frente de toda a gente e acusou-me de ser lésbica e acabou por me expulsar da equipa”, conta.

Keramuudin Karim e outros quatro membros da federação foram suspensos pela FiFA e o presidente afegão, Ashraf Ghani, ordenou a abertura de uma investigação ao caso.