O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tinha anunciado a construção de um porto temporário para o desembarque de ajuda no território palestiniano, sob bombardeamentos de Israel desde há cinco meses.

O navio “General Frank S. Besson” transporta “o primeiro equipamento destinado a estabelecer um porto de desembarque temporário em Gaza para entregar suprimentos humanitários vitais”, disse o Centcom em comunicado, citado pela agência espanhola EFE.

A partida do navio de apoio logístico ocorre “menos de 36 horas depois de o Presidente Biden ter anunciado que os Estados Unidos iriam fornecer ajuda humanitária a Gaza por via marítima”, referiu o comando norte-americano.

Apesar de Estados Unidos, União Europeia, Chipre, Emirados Árabes Unidos e Reino Unido terem afirmado que estavam a trabalhar em conjunto no projeto com a coordenadora humanitária para Gaza, Sigrid Kaag, a ONU dissociou-se do corredor marítimo.

“É óbvio que nos congratulamos com o facto de a ajuda estar a chegar por outros meios”, disse o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, na sexta-feira.

“Mas nada pode substituir a chegada de ajuda em grande escala e o tráfego comercial através de rotas terrestres”, acrescentou o porta-voz de António Guterres.

A Faixa de Gaza não tem infraestruturas portuárias e está sob um bloqueio naval israelita desde 2007, quando o grupo palestiniano Hamas assumiu o controlo ‘de facto’ do enclave.

O pequeno território palestiniano sofre uma crise humana premente devido à ofensiva e à continuação do bloqueio israelita, que também controla a entrada de ajuda por via terrestre.

Os Estados Unidos, que são também o maior fornecedor de armas a Israel, vão gerir o corredor marítimo para Gaza a partir de Chipre, onde os israelitas também controlam as cargas a transportar.

O Governo cipriota confirmou no sábado que o primeiro navio de ajuda humanitária a Gaza, da organização espanhola Open Arms, poderia zarpar da ilha durante o fim de semana.

Advertiu, no entanto, que há questões a esclarecer e que não se podem excluir incidentes de segurança, uma vez que se trata de uma “zona de guerra”.

Nas últimas semanas, alguns países decidiram também aderir a uma iniciativa da Jordânia para o lançamento de ajuda humanitária por via aérea.

As autoridades de Gaza controladas pelo Hamas disseram que a ofensiva israelita provocou mais de 31.000 mortos em cinco meses.

A guerra foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas em solo israelita em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, de acordo com Israel.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu aniquilar o Hamas, um grupo extremista palestiniano qualificado como um a organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia.

Ao fim de cinco meses de guerra, Israel está a ser pressionado pela generalidade da comunidade internacional para negociar uma trégua com o Hamas que permita a chegada de ajuda humanitária à população de Gaza. As negociações têm estado a decorrer no Egito, mas foram interrompidas durante o fim de semana.