“Dezenas [de reféns] estão definitivamente vivos”, frisou esta autoridade, que falou sob condição de anonimato porque não estava autorizado a falar publicamente sobre o assunto.

“Não podemos deixá-los lá durante muito tempo, pois morrerão”, acrescentou.

A informação foi avançada depois de milhares de pessoas se terem concentrado hoje frente ao Parlamento israelita (Knesset) para exigir eleições antecipadas e um acordo de cessar-fogo com o movimento islamista palestiniano Hamas para a libertação dos reféns da Faixa de Gaza.

“Apesar de este Governo possuir maioria no parlamento, já não representa o que pretende a maioria da sociedade. Este governo está a provocar muito prejuízo ao nosso país”, indicaram manifestantes à agência noticiosa Efe.

“Cada vez mais países nos rejeitam pelas decisões que tomamos”, acrescentaram.

O protesto, que segundo os organizadores juntou 100.000 pessoas, insere-se numa semana de ações convocadas por numerosos grupos civis críticos da gestão do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e que pretendem mobilizar um milhão de israelitas para exigir a convocação de eleições.

A manifestação decorreu no dia em que Netanyahu anunciou a dissolução do gabinete de guerra, o mecanismo criado em 11 de outubro para adotar as decisões sobre as operações militares na Faixa de Gaza, após a demissão do ex-ministro Benny Gantz.

O conflito em curso na Faixa de Gaza foi desencadeado pelo ataque do grupo islamita Hamas em solo israelita de 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas. Mais de cem reféns, incluindo um número indeterminado de mortos, permanecem no enclave palestiniano.

Das 251 pessoas sequestradas, 116 ainda são mantidas como reféns em Gaza, das quais 41 estão mortas, segundo dados do Exército.

Desde então, Telavive lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que até ao momento mais de 37.300 mortos e pelo menos 82.500 feridos segundo o Hamas, classificado como “organização terrorista” por Israel, União Europeia e Estados Unidos.

Calcula-se ainda que 10.000 palestinianos permanecem soterrados nos escombros após cerca de oito meses de guerra, que também está a desencadear uma grave crise humanitária.

O conflito causou também quase dois milhões de deslocados, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária, com mais de 1,1 milhões de pessoas numa “situação de fome catastrófica” que está a fazer vítimas - ”o número mais elevado alguma vez registado” pela ONU em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Também na Cisjordânia e em Jerusalém leste, ocupados por Israel, pelo menos 510 palestinianos foram mortos pelas forças israelitas ou por ataques de colonos desde 07 de outubro, para além de cerca de 9.000 detidos desde essa data.