“Agora é tempo de unidade, não de eleições”, afirmou, de acordo com a agência Associated Press, o chefe do Governo israelita num discurso ao país divulgado pela televisão.

Netanyahu e o seu rival político mas parceiro de coligação, Benny Gantz, tinham até às 24 horas da próxima segunda-feira o prazo constituicional para chegar a um acordo orçamental, sob pena do Governo ser automaticamente dissolvido e desencadeadas novas eleições legislativas, as quartas em menos de dois anos.

No seu discurso ao país, Netanyahu explicou que, depois do acordo histórico de restabelecimento de relações diplomáticas com os Emirados Árabes Unidos e num período em que o país enfrenta uma grave crise sanitária com a pandemia Covid-19, entendeu que seria errado forçar a realização de novas eleições.

A crise política israelita vai muito para lá do impasse nas negociações orçamentais, assenta numa grave crise económica motivada pela pandemia de covid-19, mas também nos problemas que Netanyahu enfrenta com a Justiça.

O Governo de Netanyahu está a combater uma segunda onda da pandemia no país, que não tem conseguido estabilizar, e enfrenta os protestos dos cidadãos, que há semanas pedem nas ruas a demissão do chefe do Executivo israelita, imputando-lhe as responsabilidades numa crise económica que levou a taxa do desemprego, por exemplo, a ultrapassar os 20% de desemprego, face aos 4% registados em fevereiro deste ano.

O primeiro-ministro israelita está a ser julgado por fraude, suborno e abuso de confiança em três casos de corrupção, e, a partir de janeiro, terá de apresentar-se perante um juiz três vezes por semana.

O anúncio de Netanyahu terá ainda que ser formalizado pela comissão de Finanças da câmara baixa do Parlamento israelita em proposta de lei, que enfrentará uma dupla votação para aprovação antes do final do prazo na noite desta segunda-feira.