“Cinquenta e sete anos se passaram desde a Guerra dos Seis Dias e estamos mais uma vez na tempestade da guerra. Atacaram-nos em diferentes frentes e o mesmo fazem os nossos inimigos hoje”, frisou o chefe do Governo israelita, numa mensagem nas redes sociais.
Netanyahu falava por ocasião do “Dia de Jerusalém”, que marca a captura de Jerusalém Oriental por Israel, incluindo a Cidade Velha e os seus locais sagrados para judeus, cristãos e muçulmanos, durante a guerra de 1967 no Médio Oriente.
“Na altura procuraram estrangular-nos com hostilidade e violência e hoje querem destruir-nos num cerco de terror. Na altura sabíamos que só a vitória total permitiria a nossa existência e hoje também nos esforçamos para alcançar a vitória total”, frisou o primeiro-ministro.
O discurso de Netanyahu comparou a atual guerra em Gaza, prestes a completar oito meses, com a de 1967: “Depois da guerra encontramo-nos na nossa terra ancestral, dentro de fronteiras defensáveis. Não vamos desistir dessas conquistas, porque caso contrário estaríamos a convidar novos ataques contra nós, piores que os de 07 de outubro”.
“Tudo mudou num instante, quando os nossos heroicos guerreiros tocaram as pedras do Muro das Lamentações e quando ouvimos as palavras ‘o Monte do Templo (Esplanada da Mesquita) está em nossas mãos’. Toda Jerusalém tornou-se nossa novamente e toda Jerusalém permanecerá nossa para sempre”, concluiu.
Também o ministro da Segurança Nacional de Israel, de extrema-direita, Itamar Ben Gvir, lançou hoje uma mensagem provocativa ao Hamas e ao mundo islâmico: “O Monte do Templo (Esplanada das Mesquitas) é nosso!”.
Ben Gvir, que defende a manutenção da guerra em Gaza a todo o custo e a recolonização do enclave, defendeu que os judeus podem entrar na Esplanada para rezar, o que viola o ‘status quo’ acordado com a Jordânia e os países árabes após a Guerra dos Seis Dias.
Perante as palavras de Bem Gvir, o gabinete do primeiro-ministro israelita esclareceu que “o ‘status’ quo no Monte do Templo não mudou e não mudará”.
Os judeus referem-se ao local como Monte do Templo porque ali foi construído o Segundo Templo e localizam a pedra onde Abraão estava prestes a sacrificar seu filho Isaque, e por isso é o lugar mais sagrado para eles. Para os muçulmanos é o terceiro lugar mais sagrado depois de Meca e Medina, onde o Alcorão localiza a ascensão do profeta Maomé ao céu.
De acordo com o ‘status quo’ vigente desde 1967 — quando Israel ocupou a parte oriental de Jerusalém, onde fica a Esplanada — o local é reservado exclusivamente ao culto dos muçulmanos, enquanto os judeus só podem entrar como visitantes, já que as leis judaicas proíbem seus fiéis orar no lugar mais sagrado para eles, algo permitido apenas a alguns rabinos.
Ainda por ocasião do Dia de Jerusalém, cerca de 800 extremistas judeus invadiram hoje de manhã a Esplanada da Mesquita munidos de bandeiras israelitas e entoando cânticos provocativos, sob forte proteção policial.
A polícia de Israel deteve 18 pessoas no contexto dos tumultos que eclodiram durante a Marcha da Bandeira, incluindo cinco que foram detidos por atacarem jornalistas na Cidade Velha de Jerusalém.
Em concreto, os 18 foram presos por serem suspeitos de crimes violentos, agressões, ameaças e conduta desordeira. A multidão concentrou-se no Portão de Damasco, uma das entradas da Cidade Velha de Jerusalém.
O movimento islamita palestiniano Hamas condenou o incidente, classificando-o como “uma confirmação da arrogância deste governo fascista” e uma “agressão aos sentimentos de centenas de milhões de muçulmanos em todo o mundo”.
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