O serviço de contra-espionagem da Noruega (PST) identificou o alegado espião russo como Mikhail Mikushin, um cidadão nascido em 1978, que se fazia passar por um cidadão brasileiro, de 37 anos, chamado José Assis Giammaria.

De acordo com o site de investigação Bellingcat, Mikushin é um oficial da inteligência militar russa.

"Excelente trabalho, Noruega, vocês acabam de deter um coronel da GRU (Agência de Inteligência Militar da Rússia)", escreveu Christo Grozev, investigador do Bellingcat.

As fotos do agente suspeito foram publicadas em vários meios de comunicação noruegueses.

Apesar de negar todas as acusações contra ele, Mikushin será mantido sob custódia por um período de quatro semanas, deliberou o tribunal de Oslo, na sexta-feira. As duas primeiras, o suspeito deve permanecer em total isolamento para evitar o desaparecimento de provas.

O suspeito foi detido pelos serviços secretos noruegueses, no início da semana, quando se dirigia para a Universidade de Tromso, onde alega ser investigador.

Dias antes, o alegado espião tinha sido detido por causa de problemas com o seu visto de residência. Problemas que poderiam levar à sua deportação.

Depois de libertado, a investigação foi alargada para cobrir suspeitas de "espionagem contra segredos de Estado, classificados como prejudiciais aos interesses fundamentais da nação", violação que na Noruega pode ser punível de pena de prisão de até três anos.

“Mania da espionagem”

O PST revela que o suposto agente russo espiava sobre as ameaças "híbridas" que envolvem interesses e assuntos políticos da Noruega no Ártico.

A Noruega partilha uma fronteira de 198 quilómetros a norte com a Rússia.

Depois do anúncio da detenção do alegado agente secreto, a embaixada da Rússia em Oslo criticou aquilo a que chamou de "mania da espionagem" pela Noruega.

Num e-mail enviado à AFP, na quarta-feira, a embaixada russa declarou desconhecer o cidadão, dado como agente ao serviço da Rússia, afirmando que não sabia "de quem ou do que se trata” [a detenção].

"Em geral, a mania de espionagem tem sido ativamente promovida na Noruega, ultimamente", acrescenta ainda o referido comunicado.

Além do alegado espião, a Noruega prendeu nas últimas semanas nove cidadãos russos acusados de voar drones no seu espaço aéreo, em violação de uma proibição introduzida desde o início da guerra na Ucrânia. Os mesmos foram acusados de ter fotografado locais sensíveis em áreas restritas.

Os arrastões de pesca russos, que ainda estão autorizados a atracar em alguns portos noruegueses – apesar da proibição da UE – e os navios de investigação também têm  levantado suspeitas na Noruega.

Desde que ultrapassou a Rússia como o maior fornecedor de gás natural para a Europa, por causa da guerra na Ucrânia, a Noruega reforçou a segurança em todos os locais estratégicos nacionais.

O reforço da segurança deve-se à deteção de drones não identificados que sobrevoaram algumas instalações de petróleo e gás norueguês. A sabotagem dos dois oleodutos do Mar Báltico, Nord Stream, também aumentou a tensão na região.