O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, confere posse pelas 16 horas à nova comissão, que será presidida pelo social-democrata José Pedro Aguiar-Branco.
Atualmente, está em funcionamento uma comissão de inquérito, constituída ainda na anterior sessão legislativa, que se debruça sobre a gestão da CGD desde o ano 2000 e sobre os motivos que estão na origem da necessidade de recapitalização do banco público.
Este objeto foi invocado pela esquerda parlamentar para inviabilizar alguns pedidos do PSD e CDS-PP de audições e diligências. Por esse motivo, os dois partidos apresentaram um requerimento para a criação de uma nova comissão e que pede, de forma potestativa (obrigatória), que este segundo inquérito se dirija “à atuação do XXI Governo Constitucional no que se relaciona com a nomeação e a demissão da administração do dr. António Domingues”.
São três as alíneas que os deputados querem ver esclarecidas, todas em torno da anterior administração da CGD, sem referência direta à troca de comunicações entre António Domingues e o ministro das Finanças, Mário Centeno, assunto que tem estado no centro da discussão política.
“Apreciar as negociações, direta ou indiretamente conduzidas pelo Governo, as condições e os termos de contratação da administração do dr. António Domingues para a CGD” é a primeira alínea do objeto entregue no final de fevereiro.
PSD e CDS querem ainda “apreciar a intervenção e responsabilidade do XXI Governo pela gestão da administração liderada pelo dr. António Domingues”.
Finalmente, os dois partidos pretendem “apreciar os factos que conduziram à demissão do dr. António Domingues e à saída efetiva da administração por si liderada”.
Um dos pontos centrais da futura comissão — e que está expresso no requerimento que a fundamenta – será apurar se “é verdade ou não que o ministro [das Finanças] negociou a dispensa da apresentação da declaração de rendimentos [de António Domingues]”, o que tem sido negado por Mário Centeno.
PSD e CDS-PP pedem que esta nova comissão possa “funcionar pelo prazo mais curto”, não ultrapassando os 120 dias.
O PSD indicou como coordenador na comissão Luís Marques Guedes, juntando-se como membros efetivos os deputados Sérgio Azevedo, Sara Madruga da Costa, José Silvano, Fátima Ramos e Virgílio Macedo.
O PS terá três vice-presidentes da sua bancada na nova comissão de inquérito parlamentar sobre a CGD, sendo João Paulo Correia o coordenador dos deputados socialistas. O porta-voz do partido, João Galamba, e o ‘vice’ Filipe Neto Brandão, serão os outros deputados do PS a integrar a comissão de inquérito.
Pelo CDS-PP, os nomes indicados são o do deputado e porta-voz do partido João Almeida e o de António Carlos Monteiro.
BE e PCP repetirão os membros da primeira comissão de inquérito à Caixa: Moisés Ferreira e Miguel Tiago, respetivamente.
Em entrevista à Lusa na segunda-feira, o presidente da nova comissão de inquérito, José Pedro Aguiar-Branco, assegurou que tudo fará pela dignificação deste instrumento parlamentar e para que esta não seja “a comissão dos SMS”.
“No que depender de mim, não vou permitir que esta seja a comissão dos SMS, a situação está muito para lá da questão dos SMS. Tem a ver com todo um procedimento quanto à nomeação de uma administração de uma instituição importante com dimensão pública, daquilo que é a relação do Governo do país com essa instituição”, enquadrou, dizendo que tal “cai no quadro da ação nobre da Assembleia da República”, fiscalizar os atos do Governo.
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