“A capitalização da instituição é uma inevitabilidade”, afirmou António Ramalho, na conferência “O Futuro do Dinheiro”, organizada pelo Dinheiro Vivo, TSF e EY, no âmbito do debate “Os Desafios da Banca no Portugal 20 — 30 e o futuro do dinheiro”, que juntou os principais responsáveis da banca portuguesa.
Questionado sobre se o Novo Banco não exclui nova injeção de capital, António Ramalho afirmou: “De modo algum”.
O Orçamento do Estado para 2019 prevê uma injeção de 400 milhões de euros no Novo Banco no próximo ano, sendo que este valor está incluído no cálculo do défice, mas não é certo qual é o montante que o fundo de resolução terá de aplicar na instituição.
Já o presidente do BCP considerou que este “é um tema que não está resolvido”, embora tenha afirmado que a decisão do Governo “foi correta” no momento em que a tomou.
“Mas não subscrevo que vamos viver assim com este fardo às costas”, ou seja, de através do fundo os bancos participarem na capitalização do Novo Banco.
Este banqueiro defendeu uma “reflexão” sobre as contribuições para o fundo de resolução, com “diálogo” para ver como “é que os poucos bancos portugueses conseguem condições competitivas para operar” no mercado, quer a nível de legislação como de custos.
“Não vivo tranquilo e não vou desistir de encontrar uma solução equilibrada para o setor”, afirmou, apontando que as instituições financeiras que não têm sede no país estão excluídas desta contribuição¬.
Miguel Maya recordou que além do imposto especial sobre o setor bancário, o BCP ainda contribui para o fundo, o que representa “mais de 40 milhões [de euros] por ano”.
Ora, “gostava de pegar nesses 40 milhões de euros e investir mais em tecnologias”, assim ficaria “menos preocupado com as ‘fintech'”, afirmou.
Por sua vez, o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, afirmou que a banca portuguesa, quer no crédito à habitação ou às PME – Pequenas e Médias Empresas, tem “preços idênticos ou mais baixos que em Espanha ou Alemanha”, mas depois “há diferentes ónus para os diferentes níveis”.
“Não é só o fundo de resolução, um banco que tem sede em Portugal financia-se mais alto do que o que tem sede em Espanha, o custo marginal de um banco português se financiar é mais elevado”, apontou.
Relativamente à CGD financiar as empresas portuguesas, o presidente da CGD afirmou que o banco mantém o papel de apoiar.
No entanto, advertiu que “o papel da caixa não é de certeza dar crédito às empresas que os outros bancos não querem” dar, sublinhando que “a Caixa tem de desenvolver o seu papel público sem custar o que já custou aos contribuintes”.
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