O Algarve está a atravessar a pior seca de sempre e há medidas que vão ser tomadas a curto prazo, com a agricultura a ser o setor mais penalizado.
“Este ano, no Algarve, estamos a atravessar a pior seca de sempre, nunca estivemos nesta situação, com os níveis mais baixos das reservas das albufeiras de sempre e a mesma coisa nas águas subterrâneas”, uma “consequência de dez anos de seca” contínua, afirmou Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, salientando que o uso humano é considerado prioritário.
Já em declarações à TSF, António Miguel Pina, presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), confirma que estão previstos cortes de água de 70% na agricultura e 15% nas zonas urbanas. De acordo com o líder da AMAL, atualmente as barragens algarvias só têm água para “mais seis ou oito meses, portanto final do verão”.
Que outros setores serão prejudicados?
O do turismo, a principal fonte de receita nacional, e do Algarve.
António Miguel Pina, que também é Presidente da Câmara de Olhão, não tem dúvidas sobre os cortes neste setor. “Seja hotelaria, seja alojamentos locais”, podendo também estender-se a cafés, restaurantes, empresas e indústrias. Por sua vez, os campos de golfe “normalmente estão ligados a furos ou às associações de regantes”, pelo que “a previsão é que tenham um corte semelhante à agricultura”.
"Nunca tivemos as nossas reservas de água nesta situação, neste momento estão a 25%, quer as águas superficiais, ou seja, albufeiras, quer as águas subterrâneas. É uma seca de nove anos, são nove anos em que há uma anomalia na precipitação, chove abaixo da média. Esta é a situação da região do Algarve. No ano passado, por esta altura, tínhamos 40 a 45% do volume de água reservada nas albufeiras”, disse, por sua vez, Pimenta Machado.
O que falta então definir?
Os cortes estão certos, os setores também definidos, mas faltam limar arestas.
"Estamos a desenhar um plano” de “avaliação contínua” e a “ouvir os setores - a agricultura, setor urbano, o turismo – e trabalhar com eles para definir” as ações de tomar, procurando “definir cortes de água, quer para o setor urbano, quer para o turismo, quer para a agricultura”, afirmou Pimenta Machado que não quis antecipar os valores em causa, embora admita que o maior impacto será na produção agrícola.
“O plano vai ser apresentado muito em breve” e está “por dias”. Na próxima semana, será realizada uma comissão interministerial da seca e depois o documento ficará fechado para ser apresentado na região, tendo sempre como “objetivo central que não falte água à população”.
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