Ontem e hoje, o Palácio da Bolsa, no Porto, recebeu Hooman Sharifi, um homem que dança. O norueguês de origem persa veio à cidade mostrar que os mortos vivem nos sonhos, levando a plateia a olhar para o movimento, mas também para a escuridão. Nessa mistura, o convite era para pensar.

Quem já pensou tudo foi o novo governo. Depois de tomar posse esta manhã em Lisboa, o novo executivo, liderado pelo mesmo António Costa do anterior, aprovou e publicou o programa para os próximos quatro anos. As medidas são várias e têm agora de ser estudadas pelos deputados.

Nada disto é escrito para ser eterno — pode ser negociado, aprovado, chumbado, cativado, esquecido... Negociação que não ocorre noutras relações.

É o caso das relações dum filho com a mãe, ou dum homem com a sua pele:

No início eram tatuagens. Agora são retratos de tatuagens. No início era a guerra colonial. Agora são as memórias que ficaram. Ficam. Cravadas na pele. No corpo. Na mente. Na alma. Bem fundo. Para sempre. Por causa da Pátria. Pela Pátria.

É o nosso Miguel Morgado que nos traz a história das tatuagens da Guerra Colonial, esses retratos esbatidos que decoram braços e recordam mágoas e laços.

Não querem esquecer. Não podem esquecer por mais que, muitos deles, procurem não falar. Sobre o que foram lá fazer e aquilo que estamparam. Porque recuam ao tempo da guerra. E, se o fizerem, dizem: “Não durmo. Se eu lhe contar, eu já não durmo esta noite...

Hoje, o Hoje veio mais atrasado — e mais curto. Mas amanhã o dia nasce e renova-se com a vontade de ser todas as coisas. E também, que sou o Pedro Soares Botelho e hoje vi o dia ser assim.