Questionado sobre a viabilidade do objetivo militar de Israel de eliminar o Hamas e impedir que o grupo terrorista tenha qualquer palavra a dizer no governo de Gaza, Griffiths respondeu: “O Hamas não é um grupo terrorista para nós, como sabem, é um movimento político. Mas penso que é muito difícil desalojar estes grupos sem uma solução negociada, o que inclui as suas aspirações".
“Não consigo pensar num exemplo imediato de um lugar onde uma vitória através da guerra tenha sido bem-sucedida contra um grupo bem entrincheirado, terrorista ou outro”, acrescentou.
Abordando o tema do ataque do Hamas a 7 de outubro, Griffiths disse ainda que tinha “compreensão total” do “trauma” que causou a Israel, mas que Israel precisaria construir um relacionamento com os seus vizinhos de qualquer maneira.
Griffiths sublinhou também que as Nações Unidas estavam a lutar para levar ajuda a Gaza e que os palestinianos não tinham nenhum lugar seguro para onde evacuar, agora que Israel iniciou operações em Rafah.
Durante a entrevista, Griffiths insistiu que se Israel iria operar em Rafah, situação que o mantinha acordado de noite.
Questionado se estava em discussões com autoridades israelitas sobre a questão das operações em Rafah, Griffiths respondeu que Israel “para seu crédito” tinha discussões diárias com as autoridades no local e que pediram à ONU que se envolvesse na evacuação de civis para um local seguro, uma operação em que as Nações Unidas não vai participar.
As declarações do responsável já gerou várias críticas, nomeadamente o porta-voz do governo de Israel, Eylon Levy.
“Martin Griffiths, @UNReliefChief, nega que o Hamas seja uma organização terrorista. Não é de admirar que ele esteja a abusar do seu poder para salvar a pele do Hamas após o ataque terrorista mais mortífero desde o 11 de setembro, em vez de exigir a sua rendição”, escreveu na rede social X (antigo Twitter).
A resposta do porta-voz acontece no meio de uma rutura das relações entre Israel e a ONU. A UNRWA (Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente) está atualmente a ser investigada depois de se ter dito que funcionários estavam envolvidos nos ataques terroristas do Hamas a 7 de outubro.
Recentemente, as FDI (Forças de Defesa de Israel) descobriram um túnel do Hamas abaixo da sede da UNRWA, em Gaza.
Gilad Erdan, embaixador de Israel nas Nações Unidas, respondeu também respondeu ao comentário de Martin Griffiths.
“O apoio da ONU ao Hamas é finalmente revelado ao vivo na televisão... O Subsecretário Geral da ONU afirma ao vivo que o Hamas 'não é uma organização terrorista, mas um movimento político'. O assassinato bárbaro de centenas de civis não é terrorismo?”, disse nas redes sociais.
"A violação sistemática de mulheres não é terrorismo? A tentativa de cometer genocídio não é terrorismo? Esta é a face da ONU hoje em dia: uma organização que encobre o terrorismo, promove o Hamas e culpa as vítimas. A ONU perdeu toda a credibilidade. Senhor Subsecretário-Geral, não pode dizer que está a agir em nome de questões “humanitárias”. É um colaborador do Hamas!”, disse também.
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