O governo apresentou hoje os planos para a vacinação contra a covid-19 — planos que entram em ação quando houver uma vacina aprovada pela Europa. É que apesar de ainda não haver vacina aprovada, os estrategas por trás da operação apresentaram já os planos para a distribuir e administrar. Esta quarta-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, tinha já feito uma declaração à imprensa, anunciando que a vacina contra o vírus responsável pela covid-19 será gratuita, facultativa e administrada pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Essencialmente, as ideias a reter esta quinta-feira andam no mesmo sentido. O primeiro-ministro advertiu que o processo de vacinação terá imponderabilidades externas a Portugal, sendo também complexo ao nível interno, com as dificuldades a aumentarem quanto maior for o universo de cidadãos a vacinar.

António Costa falava no encerramento da sessão de apresentação do Plano de Vacinação contra a covid-19, que decorreu no Infarmed, em Lisboa, e que foi aberta por uma breve intervenção da ministra da Saúde, Marta Temido.

"Há agora uma luz ao fundo do túnel, mas o túnel é ainda muito comprido e bastante penoso. Portugal irá adquirir 22 milhões de vacinas, mas essa quantidade de vacinas não chega automaticamente no primeiro dia. Vão chegando escalonadamente e gradualmente ao longo de todo o ano de 2021", declarou o líder do executivo.

António Costa salientou que a operação de vacinação vai desenvolver-se ao longo do ano e não se concentrará apenas num primeiro momento.

A primeira fase da vacinação contra a covid-19 será administrada nos pontos de vacinação habituais dos centros de saúde, nos lares e unidades de cuidados continuados. A vacina será também administrada aos profissionais de saúde e dos serviços essenciais no âmbito da medicina no trabalho.

Para esta primeira fase, que deverá decorrer entre janeiro e março de 2021, os pontos de vacinação foram definidos tendo em consideração os grupos prioritários no acesso à vacina: as pessoas com mais de 50 anos com patologias associadas, residentes e trabalhadores em lares, e profissionais de saúde e de serviços essenciais.

Por isso, a vacina será administrada nos cerca de 1.200 pontos de vacinação habituais dos centros de saúde, nos lares e unidades de cuidados continuados e no âmbito da medicina do trabalho para os profissionais dos serviços essenciais.

Ontem, neste exato espaço, sublinhei a importância de garantir transparência e segurança em todo o processo, para que as pessoas possam decidir se querem ser vacinadas tendo em conta todas as suas vantagens, mas também inconvenientes.

Não se trata de não confiar na vacina. Pelo contrário: para que a imunização seja eficaz, é fundamental garantir a confiança em todas as etapas do processo, para que o maior número de pessoas se vacine.

E mesmo que tudo isto arranque de modo eficiente, o caminho até que se possam pôr de lado medidas ativas de proteção (máscaras, distanciamento) não é curto, nem tem final à vista. Assim, dentro do “túnel comprido e penoso”, há que alumiar bem o percurso para chegar seguro à saída.