Papa Francisco foi inequívoco na sua mensagem em Fátima, tão inequívoco como tem sido sempre que fala da forma como vê a “sua” igreja e a forma como os católicos devem viver a religião. Na oração que precedeu a procissão das velas, o sinal já estava dado. Francisco pôs o dedo na ferida que afasta muitos da ideia de Fátima e da devoção à Virgem Maria: “Peregrinos com Maria, mas qual Maria”, perguntou na noite de sexta-feira na Capelinha das Aparições onde realizou a bênção das velas. Para o Papa é claro o que Maria é e o que Maria não é.

“Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho. Nela vemos que a humildade e a ternura não são virtudes dos fracos, mas dos fortes, que não precisam de maltratar os outros para se sentirem importantes”. É assim Maria vista pelo Papa Francisco.

Por oposição a uma outra ideia da devoção a Maria, que o Papa refuta e que assume não ser sua.“Uma ‘santinha’ a quem se recorre para obter favores a baixo preço? A Virgem Maria do Evangelho venerada pela Igreja orante, ou uma esboçada por sensibilidades subjetivas que a veem segurando o braço justiceiro de Deus pronto a castigar: uma Maria melhor do que Cristo, visto como juiz impiedoso; mais misericordiosa que o cordeiro imolado por nós?”.

Como noutras ocasiões, Francisco trouxe a Fátima um discurso de misericórdia em vez de castigo, de reconciliação, de justiça e de paz. E, sobretudo, uma visão da religião católica pelo amor e não pelo medo. Os cristãos, disse o Papa devem pôr de lado o medo e o temor “porque não se coadunam em quem é amado”. Voltando a Maria, que está no centro das celebrações que trouxeram o Papa Francisco a Portugal e a Fátima, o Sumo Pontífice sublinhou o seu papel:  “se queremos ser cristãos, devemos ser marianos”.

Na missa desta manhã, 13 de maio, data em que se assinalam os 100 anos das Aparições de Fátima, Francisco retomou a sua linha de pensamento. “Sob proteção de Maria, sejamos no mundo sentinelas da madrugada que sabem contemplar o verdadeiro rosto de Jesus Salvador, aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica de amor”.

O Papa voltou em Fátima a fazer uma apologia de uma igreja que está junto dos homens onde e quando eles mais precisam, e que não deixa ninguém de fora, -  sobretudo os que mais precisam como “os doentes e pessoas com deficiência, os presos e desempregados, os pobres e abandonados”. A ilustrar o seu pensamento esteve também a escolha que fez do texto sobre as aparições dos pastorinhos, tendo a sua opção recaído pela passagem das Memórias de Lúcia que se refere aos desfavorecidos e excluídos.

Referindo-se ao nosso país como "este esperançoso Portugal”, o Papa foi aplaudido em vários momentos das cerimónias por uma  multidão que não arredou pé, na sua maioria, desde o dia anterior.

“Fátima é sobretudo o manto de luz que nos cobre. Queridos peregrinos, temos mãe”, disse Francisco por três vezes.

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