A empreitada, destinada à contenção da fachada da Igreja das Mercês, construída em 1670 e localizada no centro histórico da cidade alentejana, estando classificada como Imóvel de Interesse Público, foi adjudicada pela Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCAlen).

Contactada pela agência Lusa, fonte da DRCAlen revelou hoje que as obras rondam “os 30 mil euros” e foram “adjudicadas recentemente”, tendo arrancado “esta semana”.

A igreja, “que sofreu danos consideráveis com a construção de um edifício contíguo”, um hotel, “será objeto de um escoramento e estabilização” efetuados por uma empresa especializada, prevendo-se que as obras durem “60 dias”, explicou a DRCAlen, em comunicado.

Na mesma nota de imprensa, a direção regional solicitou aos munícipes “a melhor compreensão para qualquer transtorno que o condicionamento do trânsito possa colocar”, durante o período da empreitada.

Também a Câmara de Évora, em comunicado recente, aludiu à intervenção promovida pela DRCAlen na contenção da fachada desta igreja e alertou para condicionamentos do trânsito na rua onde está localizado o imóvel, até esta sexta-feira.

“A autarquia irá também retomar a fiscalização do estacionamento em período noturno já a partir do próximo mês”, naquela zona, acrescentou o município.

Em agosto, Elsa Teigão, a vereadora da oposição socialista na câmara, alertou para a falta de segurança decorrente da degradação da igreja e acusou a maioria CDU de “nada” ter feito, até àquele momento, dando conta do teor do relatório de uma ação inspetiva realizada, a 2 de maio, ao edifício.

O relatório, elaborado por técnicos do município, da Proteção Civil Municipal e da DRCAlen, aludia à “maior e generalizada deterioração dos rebocos” da igreja, com “queda de pedaços” e “ameaça de queda de outros” da fachada principal, e ao “mau estado generalizado dos telhados”, assim como danos no interior.

Segundo o documento, era necessário “proceder de imediato” à “vedação em toda a fachada no espaço público”, criação de “condições de segurança e de encaminhamento seguro dos peões para o passeio do lado oposto”, afastamento “do tráfego de veículos” e cobertura da fachada com um “sistema que impeça a queda de materiais”.

Na altura, o vice-presidente da câmara, João Rodrigues, deu indicações para voltar a vedar a circulação junto ao local (que tinha sido retirada), mas lembrou à Lusa que “toda a responsabilidade” relativa à igreja cabia à DRCAlen, “proprietária do edifício”.

A diretora regional de Cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira, disse à Lusa nessa altura que a DRCAlen pretendia avançar com um “projeto de contenção da fachada” da igreja, enquanto aguardava pela decisão do Tribunal de Évora sobre o processo judicial que opõe aquele organismo à empresa dona do hotel e à construtora.

Em outubro, o deputado do PSD eleito por Évora, António Costa da Silva, alertou para a urgência das obras: "É fundamental uma resposta urgente, ainda que o processo em tribunal [em curso] possa vir a determinar quem é o responsável" pela intervenção, mas "isso não deve inibir" a realização da empreitada.