“São resultados que estão abaixo daquilo que o Governo tinha entendido como sendo as metas que estabeleceu para este ano. Claramente abaixo. Isso verificou-se no mês de julho já com a receita fiscal. Julgo que em agosto se terá intensificado, que a receita terá tido um desempenho ainda pior do que o que teve até julho e, no essencial, aquilo que são aparentemente as boas contas que vêm sendo apresentadas resultam do facto de o Governo estar a travar às quatro rodas aquilo que era a despesa que ele próprio tinha programado, nomeadamente em termos de investimento publico e de aquisição de bens e serviços”, disse Pedro Passos Coelho à margem da divulgação dos dados do défice que apontam para uma diminuição de 81 milhões de euros em relação ao período homólogo do ano anterior.
Deixando para mais tarde um comentário sobre os dados hoje divulgados pelo Ministério das Finanças - uma vez que diz ainda não ter conhecimento dos dados -, o presidente do PSD afirmou que o que se viu dos primeiros sete meses do ano “não augura nada de bom”.
“Se nós [Governo PSD/CDS] em emergência, apesar de tudo, tínhamos mais dinheiro para investimento público que agora o Governo tem, alguma coisa não está a funcionar bem. É apenas para isto que quero chamar atenção”, realçou o líder da oposição.
Passos Coelho afirmou que “o Estado não está a realizar os contratos que se comprometeu a realizar, seja na compra de equipamentos, seja no investimento público”, alertando que deixar para a segunda metade do ano despesas que ainda não ocorreram trará “riscos orçamentais maiores”, sem que se saiba “que margens o Governo terá para fazer face a esses riscos e ainda assim cumprir as metas”.
“São, no dizer de todas as entidades que se têm pronunciado sobre esta matéria, riscos elevados, com pressões muito elevadas, que tiram um bocadinho de credibilidade às metas que estão fixadas. A mim parece-me que, ao contrário do que o Governo tem dito, não haverá condições para [o défice] ficar confortavelmente abaixo de 2,5%. Eu acho que se pode dizer que ficaremos confortavelmente acima disso”, acrescentou.
Passos Coelho afirmou que “só no fim” se verá se o Governo terá capacidade para que o défice fique abaixo dos 2,5%, sublinhando que cumprir as metas que estão estabelecidas “é uma questão de credibilidade para o país”.
O líder social-democrata esteve hoje de manhã em Castelo Branco, onde participou no encerramento de uma conferência sobre “Territórios de Baixa Densidade”, tendo visitado à tarde o Centro de Inovação Empresarial de Santarém para “reforçar a necessidade de uma estratégia de crescimento económico para Portugal”.
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