“Para quem tivesse ouvido aquele fortíssimo aplauso [no parlamento] até parecia que, de repente, tínhamos conseguido reduzir a dívida pública”, afirmou Assunção Cristas, um dia depois de António Costa ter anunciado, no fim do debate do Orçamento do Estado de 2019, que Portugal pagará até ao final do ano a totalidade da sua dívida ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Mas o que aconteceu é que “vai ser substituída por outra dívida, que hoje felizmente é mais barata”, disse, afirmando ser este um exemplo do “logro e ilusão” do Governo com o Orçamento do Estado.
“Porque a saída limpa” do programa de assistência da “troika”, em 2014, permitiu ao país “regressar aos mercados e ir buscar dinheiro emprestado a juro mais baixo do que o FMI” estava a emprestar, explicou a líder centrista, após um encontro com a direção nacional da Polícia Judiciária (PJ), em Lisboa.
Para Assunção Cristas, trocar um empréstimo por outro, mais barato, “é uma boa opção”, já seguida pelo anterior Governo PSD/CDS, “de reembolsar um empréstimo que é mais caro”.
“Mas não significa que essa dívida, de repente, desapareça”, afirmou ainda.
A líder dos centristas argumentou que, “em termos absolutos, a dívida publica continuou e continua a subir”.
No encerramento do debate do Orçamento do Estado de 2019, no parlamento, o primeiro-ministro anunciou que Portugal vai pagar até ao final do ano a totalidade da sua dívida ao Fundo Monetário Internacional (FMI), num discurso em que salientou a importância de se reduzirem encargos para futuro.
"Com a mesma determinação com que temos governado e que me permite hoje anunciar que até ao final deste ano pagaremos a totalidade da dívida ao FMI, de 4,6 mil milhões de euros, com todo o significado que comporta mais este virar de página", declarou António Costa, momentos antes da aprovação do orçamento pelos partidos de esquerda e PAN.
Perante os deputados, o líder do executivo defendeu que este passo para o pagamento antecipado da dívida ao FMI "reforçará a credibilidade internacional" de Portugal no plano externo.
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