Em declarações à Lusa e à revista Sábado, no final de um almoço-debate do International Club em que foi oradora a líder da JSD e em que esteve sentado à mesma mesa que o presidente do PSD, Luís Montenegro disse que não abordou o tema com Rui Rio nesta ocasião, mas manifestou-se convicto de que não andarão “muito longe” em termos de posicionamento político quanto ao próximo orçamento.
“Estamos mais a falar da forma como se exterioriza uma posição. Sinceramente não me passa pela cabeça que o PSD venha a ser o partido que vai viabilizar o próximo Orçamento do Estado e creio que também não passa pela cabeça dele”, afirmou.
Para o antigo deputado, - que já admitiu vir a disputar a liderança do PSD no futuro – “do ponto de vista político não é muito útil andar a prolongar” a incerteza sobre a posição do PSD, considerando, contudo, que Rui Rio já deu a entender o voto contra “por outras palavras”.
Quando questionado sobre a posição do PSD em relação ao Orçamento do Estado para 2019, Rio tem repetido que o partido só terá uma posição oficial depois de conhecido o documento, que deverá dar entrada no parlamento em 15 de outubro.
“Não é expectável que, no quarto ano de legislatura, o PS vá modificar aquela que é a sua visão quer da governação quer da gestão económico-financeira do país, tal como também não é expectável que o PSD e a sua liderança possam agora modificar a visão que temos no partido sobre essa matéria”, considerou Montenegro.
O antigo líder parlamentar lembrou que, recentemente, foi o próprio Rio que afirmou que o discurso do atual Governo era “uma aldrabice política” e que não havia qualquer milagre económico.
“A clareza é sempre uma boa conselheira na relação entre eleitos e eleitores. Nem o PS está à espera do PSD para aprovar o orçamento nem o PSD está em posição de viabilizar um orçamento do PS, não vale a pena andarmos aqui com grandes rodriguinhos”, defendeu.
Luís Montenegro considerou que, no final deste processo, serão, como têm sido, os partidos à esquerda a viabilizar o próximo orçamento, seja com voto favorável de todos ou com uma combinação que permita a sua aprovação.
“Eles encontrarão uma solução, mas nenhum deles vai desejar criar uma crise política e pagar o preço de lançar o país nessa instabilidade”, afirmou.
Para Montenegro, apesar de todos os parceiros da ‘geringonça’ estarem “cansados, mesmo exauridos” da atual solução política, os partidos que têm apoiado o Governo irão continuar a fazê-lo.
“Todos querem estar fora, mas nenhum pode deixar de estar dentro”, resumiu.
Montenegro – que desde que deixou o parlamento tem estado afastado de iniciativas públicas – justificou a presença neste almoço-debate em que foi oradora a líder da JSD, com “a estima muito grande e a admiração” por Margarida Balseiro Lopes.
Sobre o facto de ter almoçado à mesma mesa que o presidente do PSD – apesar de ambos só terem trocado um breve cumprimento à chegada - , o antigo deputado considerou que revela “um especial e muito natural espírito de convivência e companheirismo”.
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