“O episódio resultou de um conjunto de instruções dadas por mim, no quadro de uma negociação política que não vou revelar e a responsabilidade é minha”, declarou Miguel Albuquerque aos jornalistas, na qualidade de presidente do PSD/Madeira, durante a visita que efetuou ao Arquivo Regional e Biblioteca Públicas, no Funchal.
O líder madeirense sublinhou que “foi muito bom para a Madeira esse episódio”, acrescentando que “um dia será explicado porquê”.
Miguel Albuquerque comentava o sucedido quinta-feira, na Assembleia da República, quando, durante a manhã, na votação do Orçamento do Estado para 2021, os três deputados sociais-democratas eleitos pela Madeira votaram num primeiro momento desalinhados com a direção da bancada numa proposta de alteração e instantes depois mudaram o sentido de voto.
Ainda no período de votações na especialidade, e num primeiro momento, esses três deputados votaram, ao lado do PS, contra uma proposta de alteração para anular a transferência de 476 milhões de euros do Fundo da Resolução destinada ao Novo Banco. A proposta, que teve os votos favoráveis do PSD, foi dada como rejeitada.
Contudo, instantes depois, a deputada do PSD/Madeira Sara Madruga da Costa pediu “só um momento” enquanto falava ao telefone e informou em seguida a mesa que os três deputados sociais-democratas da Madeira mudavam o sentido de voto para o voto a favor, ao lado da direção do PSD.
Perante a confusão instalada, e que mereceu críticas por parte do presidente da Assembleia da República, que classificou o episódio de “trapalhada”, o deputado do PSD Duarte Pacheco sugeriu para que se repetisse a votação e a proposta acabaria por ser aprovada.
O Orçamento do Estado para 2021 foi aprovado em votação final global apenas com os votos favoráveis do PS, e com a abstenção do PCP, PEV, PAN e das duas deputadas não inscritas.
Votaram contra os deputados do PSD, BE, CDS, Iniciativa Liberal e Chega.
Miguel Albuquerque já havia emitido quinta-feira um comunicado como líder do PSD/Madeira no qual assegurou que os deputados regionais “estão, como sempre estiveram ao serviço do povo Madeirense e dos superiores interesses da Região” e que continuarão "a tomar todas as posições políticas que se imponham, para defender a Madeira”.
Hoje, argumentou não estar “preocupado”, nem ter “complexos” com aquilo que “fica bem ou mal”, reafirmando que “em primeiro lugar está a Madeira” e que a representação parlamentar do partido em São Bento vai continuar a fazer o que for considerado melhor para os interesses da região.
“Porque não somos domesticados. Não estamos submetidos a ninguém”, vincou, complementando, que quinta-feira, “foi necessário fazer a tal cena protagonizada pelos deputados” dos PSD da Madeira.
E reforçou: “Ainda bem que fizemos. Foi as instruções que eu dei e os deputados fizeram o que era necessário fazer para salvaguardar os interesses da Madeira”, recusando revelar “o que se passa a nível das negociações políticas”.
Quanto questionado se estavam relacionadas com a situação do Centro Internacional de Negócios da Madeira respondeu: “Não posso dizer. Tem a ver com os interesses primaciais da Madeira”.
“A Madeira neste momento está a atuar num quadro completamente isolado”, disse, reafirmando que a região não teve “qualquer apoio do Estado português nem para o combate à pandemia, nem para a retoma económica”.
Por isso, declarou: “Temos é que saber uma coisa: quando acabarmos o nosso mandato, fizemos tudo que estava ao nosso alcance para defender, aquilo era nossa obrigação, o nosso imperativo, que é o interesse a Madeira e dos madeirenses”, destacou
Sobre a classificação dada por Ferro Rodrigues ao episódio, de “trapalhada”, argumentou não ser “um problema”, porque o PSD/Madeira sabe “qual o caminho que está a seguir”, insistindo que os deputados sociais-democratas “fizeram o que era preciso fazer”.
“Podem ter a certeza que fizemos por uma razão imperiosa e pela salvaguarda dos interesses da Madeira”.
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