“Desde logo, o PCP intervém na discussão do Orçamento do Estado de 2021 para responder aos problemas económicos e sociais que atingem os trabalhadores, o povo e o país e não para responder a crises políticas criadas artificialmente ou condicionado pelo critério dos que pensam que têm o monopólio da definição do interesse nacional”, afirmou Jerónimo de Sousa.
O comunista falava no encerramento do encontro “Organização e intervenção do partido nas empresas e locais de trabalho”, no âmbito das comemorações do centenário do PCP, no Porto.
Rejeitando “toda e qualquer tentativa de o condicionar nas suas opções e decisões”, o secretário-geral garantiu que o PCP não faltará com a sua iniciativa e proposta em todos os momentos em que se decida sobre a vida do país.
Depois de um Orçamento Suplementar onde se revelou uma “clara opção pelo favorecimento dos interesses do capital”, o que se impõe agora é mudar de rumo, entendeu.
“O que se exige é que se assuma uma viragem nas opções, critérios e prioridades que condicionam e em larga medida impedem o desenvolvimento do país, a começar pelo Orçamento do Estado para 2021″, sublinhou.
O PCP está a bater-se e continuará a bater-se para que o Orçamento do Estado contenha uma resposta “tão ampla e profunda” quanto a amplitude e gravidade dos problemas nacionais, ressalvou.
Para Jerónimo de Sousa, o que a atual situação reclama “não são meras declarações de aparente distanciamento do PS ao PSD, mas de rompimento com as opções que, no essencial, o PSD também assumiria se fosse Governo”.
Jerónimo acusa Rio de falsidade por diferentes posições sobre salário mínimo e empresas
“Assistimos, recentemente, à posição do PSD, pelo seu responsável principal, em que dizia que não se deveria aumentar o salário mínimo nacional a pensar, fundamentalmente, nas empresas. E, agora, recentemente disse outra coisa, nomeadamente que é importante que o dinheiro que vem de fora vá para as empresas porque são elas que criam a riqueza. Que grande falsidade”, atirou Jerónimo de Sousa.
O comunista referia-se ao facto de Rui Rio afirmar que é demagogia querer aumentar o salário mínimo nacional no atual contexto da economia, fragilizada pela pandemia de covid-19.
E, posteriormente, defender que os fundos europeus devem ter como “objetivo principal fortalecer as empresas”, mas disse não ter “tabus ideológicos” contra o investimento público, que deve funcionar como “complementar”.
Jerónimo de Sousa lembrou que quem cria a riqueza são os trabalhadores que laboram nas empresas anos e anos.
Para o líder comunista, as palavras do Governo de Passos Coelho (PSD), nomeadamente a teoria de que é preciso cortar salários, são agora “repetidas no essencial” pelo atual presidente do PSD.
“As palavras do Governo de Passos Coelho, palavras repetidas no essencial agora também por Rui Rio quando diz que não se deve aumentar salários e que é preciso que o dinheiro vá para as empresas”, frisou.
Para o PCP é claro que não há soluções para os problemas nacionais sem investir e valorizar o trabalho e os trabalhadores e sem aumentar salários, sublinhou.
Se os trabalhadores tiverem mais dinheiro consomem mais no mercado interno, o que é bom para o desenvolvimento económico, considerou o secretário-geral.
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