“Neste momento, já se está a sentir gravemente uma crise social e económica que se perspetiva que venha a ser agravada. Ora, se o Governo, ao nível do Orçamento do Estado, não dá resposta preventiva a essa crise, é evidente que não servirá aquilo de que o país necessita”, afirmou à Lusa a dirigente do PEV Heloísa Apolónia.

A antiga deputada acrescentou que será “da ponderação de todos esses fatores”, após a discussão na especialidade, que “Os Verdes” decidirão o seu voto final, depois de se terem abstido na generalidade.

“Tudo está em aberto, a discussão está a ser feita, os Verdes vão entrar na discussão com a maior responsabilidade, como sempre têm, e depois ponderarão o seu voto final em função do que for o documento final do Orçamento do Estado”, referiu.

A deputada salientou que o partido está a preparar um conjunto de propostas – algumas até já apresentadas – em áreas como os transportes, apoios a micro e pequenas empresas e à agricultura, reforço aos meios de conservação da natureza e até alterações em sede de IRS, para que possam ser deduzidos os custos com máscaras, por exemplo.

“O que pedimos é uma grande consciencialização do Governo sobre o problema com que o país está confrontado: neste momento, temos uma grande carência ao nível do funcionamento dos serviços de saúde. Temos de tratar da covid-19, mas sem descurar as outras doenças”, afirmou, defendendo a reabertura dos centros de saúde que ainda não estão a funcionar.

Por outro lado, a dirigente ecologista realçou a urgência do investimento em transportes públicos, repudiando as garantias do Governo de que “não há linhas de contágio nos transportes”, e contrapondo que, nas horas de ponta, estes andam “apinhados e as pessoas como sardinhas em lata”.

No comunicado saído do Conselho Nacional, o PEV reitera que a abstenção na generalidade “só pode ser entendida como uma oportunidade dada ao PS para, em sede de especialidade, poder assumir também uma atitude de abertura relativamente às propostas do partido.

A proposta de Orçamento de Estado para 2021 foi aprovada na generalidade, com os votos favoráveis do PS e as abstenções do PCP, Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV) e das deputadas Joacine Katar Moreira e Cristina Rodrigues.

O PSD, BE, CDS-PP e os deputados únicos do Chega, André Ventura, e da Iniciativa Liberal, João Cotrim de Figueiredo, votaram contra o diploma do executivo.

A votação final global está marcada para 26 de novembro.

O Conselho Nacional do PEV aprovou ainda o regulamento e ordem de trabalhos da 15.ª Convenção do partido, marcada para 22 e 23 de maio do próximo ano, em Lisboa.