“À medida que continuam a surgir relatos horríveis de que o hospital está a ser alvo de repetidos ataques, assumimos que os nossos contactos se juntaram a dezenas de milhares de pessoas deslocadas que procuraram refúgio nos terrenos do hospital e estão a fugir da área”, afirma a OMS em comunicado.

Entretanto, as autoridades palestinianas anunciaram hoje o encerramento do hospital, na sequência do aumento dos ataques nas imediações e da falta de eletricidade, uma situação que impossibilitou as operações no maior complexo hospitalar de Gaza.

Um porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza confirmou o encerramento e precisou que já não era viável prestar serviços médicos no centro, sobretudo após a morte de cinco doentes – dois dos quais bebés prematuros – na sequência dos apagões.

O responsável sublinhou ainda que mais de uma centena de corpos continuam no hospital sem possibilidade de serem enterrados.

Perante o agravar da situação, a OMS apela novamente “a um cessar-fogo imediato em Gaza como única forma de salvar vidas e reduzir os terríveis níveis de sofrimento” e lembra que “hospitais, pacientes, profissionais de saúde e pessoas abrigadas em instalações de saúde são protegidos pelas Convenções de Genebra e pelo Direito Internacional Humanitário”.

Nas últimas 48 horas, o Hospital Al-Shifa – que é o maior complexo médico de Gaza – terá sido atacado várias vezes, deixando várias pessoas mortas e muitas outras feridas, segundo a OMS.

“A unidade de cuidados intensivos sofreu danos causados por bombardeamentos, enquanto áreas do hospital onde as pessoas deslocadas estavam abrigadas também foram danificadas”, lamenta.

A OMS adianta que as últimas informações que recebeu dão conta de que o hospital estava cercado por tanques e os profissionais a alertarem para a falta de água potável e o risco de unidades de cuidados intensivos, ventiladores e incubadoras, deixarem de funcionar em breve devido à falta de combustível, colocando a vida dos doentes em risco imediato.

A Organização Mundial da Saúde manifesta “sérias preocupações” com a segurança dos profissionais de saúde, de centenas de doentes e feridos, incluindo bebés em suporte de vida e pessoas deslocadas que permanecem dentro do hospital.

“O número de doentes internados é quase o dobro da sua capacidade, mesmo depois de restringir os serviços ao atendimento de emergência que salva vidas”, alerta.

A OMS lembra que “os doentes que procuram cuidados de saúde nunca devem ser expostos ao medo, e os profissionais de saúde que prestaram juramento para os tratar nunca devem ser forçados a arriscar as suas próprias vidas para prestar cuidados”.

Mais de 11 mil pessoas foram mortas e quase 27.500 ficaram feridas na Faixa de Gaza na guerra que eclodiu em 07 de outubro, na sequência de um ataque do Hamas contra Israel, no qual 1.200 pessoas foram mortas e 240 sequestradas.