David Beasley, responsável do organismo das Nações Unidas para a ajuda alimentar, defendeu, numa entrevista à agência The Associated Press, que muitos dos militantes que fugiram da Síria durante o colapso do auto-proclamado califado do grupo extremista acabaram por se refugiar no Sahel, uma região semi-árida que atravessa África de oeste a leste e que acolhe cerca de 500 milhões de pessoas.
Os combatentes do Estado Islâmico estão a colaborar com outros grupos radicais, incluindo a Al-Qaeda, os islamitas somalis ‘shebab’ ou o Boko Haram, para criar “dificuldades enormes” no Sahel, disse.
O diretor do PAM revelou ter alertado líderes europeus que poderão enfrentar uma crise migratória a partir do Sahel muito maior do que a que foi gerada pelo conflito na Síria se não ajudarem a garantir comida e estabilidade à região.
“Estamos a falar da grande região do Sahel, com 500 milhões de pessoas, portanto a crise da Síria pode ser uma gota de água quando comparada com o que vem aí”, advertiu Beasley.
“O que eles estão a fazer atualmente é chegar a uma área já frágil, uma área já muito desestabilizada devido ao impacto do clima e da governação, e estão a infiltrar-se, a recrutar, a usar a comida como uma arma de recrutamento para desestabilizar para que possam ter uma migração maciça para a Europa”, defendeu.
O responsável relatou casos de homens que aderiram ao Estado Islâmico ou à Al-Qaeda porque não tinham comida para alimentar a família.
O PMA quer garantir estabilidade, crescimento económico e desenvolvimento sustentável, além de comida para a região, disse Beasley, que se deslocou à Austrália para conversações com o governo sobre estratégias de financiamento.
O Sahel, que inclui o Burkina Faso, Chade, Niger, Mali e Mauritânia, é vulnerável a secas e cheias e enfrenta insegurança alimentar permanente.
Os cinco países também têm sido confrontados com a crescente ameaça de extremistas, incluindo grupos ligados ao ramo do norte de África da Al-Qaeda.
Em fevereiro de 2017, o chamado “Grupo dos Cinco” acordou criar uma força com 5.000 militares para combater grupos extremistas, crime organizado e tráfico humano.
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