Anabela Ruivo admitiu na inquirição de quinta-feira em tribunal que a Polícia Judiciária defendia uma estratégia diferente da que foi seguida na investigação, dirigida pelo Ministério Público.
A inspetora revelou que linha de investigação seguida partiu do pressuposto de que a empresa Primagest (envolvida na contratação do ex-procurador e arguido Orlando Figueira) estava ligada à petrolífera angolana Sonangol, que foi presidida por Manuel Vicente.
A testemunha referiu que, quando integrou o grupo que investigava o caso na PJ, era um dado adquirido que a Primagest estava relacionada com a Sonangol, mas não explicou em que indícios se fundamentava essa suspeita.
Questionada pela defesa do arguido Paulo Amaral Blanco se alguma vez a PJ equacionou seguir um rumo diferente daquele que tinha sido delineado num momento embrionário da investigação, a inspetora responde: “Nós enquanto polícia sempre delineámos uma estratégia diferente daquela que foi seguida na investigação”.
As revelações da inspetora levaram a procuradora do MP a pedir que fossem arrolados como testemunhas o coordenador da PJ Pedro Fonseca e o inspetor-chefe Bruno Miguel.
“Foram prestados esclarecimentos que exigem confirmação por parte de quem na investigação detinha mais responsabilidade em termos hierárquicos, a saber inspetor chefe Bruno Miguel e coordenador Pedro Fonseca”, solicitou a procuradora no final da sessão.
Os dois elementos da PJ deverão ser testemunhar no dia 28 de maio, tendo já sido marcadas as alegações finais para 21 e 22 de junho.
A Operação Fizz assenta na acusação de que o ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, corrompeu o ex-procurador Orlando Figueira, com o pagamento de 760 mil euros, para que este arquivasse dois inquéritos, um dos quais envolvia a empresa Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril, em 2008.
O Tribunal da Relação de Lisboa decidiu na quinta-feira enviar o processo referente a Manuel Vicente para Angola.
A operação fizz tem como arguidos Orlando Figueira, o empresário Armindo Pires e Paulo Blanco.
O ex-procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) está pronunciado por corrupção passiva, branqueamento de capitais, violação de segredo de justiça e falsificação de documentos.
O advogado Paulo Blanco responde por corrupção ativa em coautoria, branqueamento também em coautoria, violação de segredo de justiça e falsificação de documento em coautoria e Armindo Pires por corrupção ativa, branqueamento capitais e falsificação de documentos, em coautoria.
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