Ricardo Salgado não pediu a abertura de instrução do processo alegando estar impedido de se defender, por falta de segurança dos ficheiros das escutas e também pela elevada probabilidade do juiz Carlos Alexandre dirigir esta fase processual, o que não viria a acontecer.
Segundo o Diário Notícias, o facto de Ricardo Salgado ter sido mencionado em vários dos interrogatórios levou à decisão de convocar o antigo presidente do Grupo Espírito Santo.
No requerimento dirigido Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) o ano passado, o ex-presidente do BES considerou que se verificava "um justo impedimento para o exercício do direito de defesa, na vertente de requerer a abertura de instrução, na medida em que a sua defesa está impossibilitada em aceder em condições de segurança aos ficheiros das escutas telefónicas que lhe foram disponibilizados pelo próprio Ministério Público (MP)".
O ex-banqueiro reitera que "não praticou qualquer crime" e que nas 4.083 páginas da acusação da Operação Marquês só existem "suposições atrás de suposições e presunções sobre presunções".
Considerando também as limitações de recurso dos arguidos na fase de instrução, o arguido disse "não pretender sujeitar-se ao risco de se submeter a este cenário".
Em janeiro, no final da primeira sessão da fase de instrução, o advogado de Ricardo Salgado referiu aos jornalistas que havia "documentos jurídicos muito válidos de outros arguido que podem valer para todos”.
Na ocasião, questionado sobre o estado de espírito do ex-banqueiro, o seu advogado disse que “desde 2014, altura da queda do BES, o seu estado de espírito é de lutar pela sua convicção, pela sua inocência porque quiseram logo condená-lo”.
Na processo Operação Marquês, Ricardo Salgado está acusado de 21 crimes de natureza económico-financeira, nomeadamente corrupção ativa de titular de cargo político, corrupção ativa, branqueamento de capitais, abuso de confiança, falsificação de documento e fraude fiscal qualificada.
A Operação Marquês tem como principal arguido o ex-primeiro-ministro José Sócrates, o qual está acusado de 31 crimes de corrupção passiva, falsificação de documentos, fraude fiscal qualificada e branqueamento de capitais.
O inquérito da Operação Marquês, que começou há mais de cinco anos, culminou na acusação a 28 arguidos - 19 pessoas e nove empresas - e está relacionado com a prática de quase duas centenas de crimes económico-financeiros.
Os arguidos Henrique Granadeiro, Zeinal Bava, Bárbara Vara, Joaquim Barroca, Helder Bataglia, Rui Mão de Ferro e Gonçalo Ferreira, empresas do grupo Lena (Lena SGPS, LEC SGPS e LEC SA) e a sociedade Vale do Lobo Resort Turísticos de Luxo pediram a abertura de instrução.
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