A operação “Páscoa em casa” da PSP está na estrada para controlar a circulação entre concelhos, interditada pelo Governo entre hoje e segunda-feira como forma de combate à propagação da covid-19, num dispositivo que no Porto “mobilizou várias centenas de agentes”, disse à Lusa o comissário da Divisão de Trânsito, José Ferreira.

Em declarações à Lusa no Nó de Bonjoia, para onde desde manhã cedo o trânsito na Via de Cintura Interna (VCI), no sentido Arrábida/Freixo, foi desviado para ser conhecido o destino dos automobilistas, o comissário recordou que “as pessoas tiveram uma semana para se munir das autorizações necessárias para situações imperiosas e inadiáveis”.

Questionado se, nas primeiras horas, tinha surgido alguma situação inusitada, o agente da autoridade deu conta apenas de “algumas situações não justificadas, felizmente poucas, com as pessoas a retornar ao lugar de origem”.

Com a fila na VCI a estender-se por vários quilómetros, durante a presença da Lusa no local, pelo menos um automobilista, que disse ser “operário da construção civil, oriundo de Penafiel”, foi obrigado a regressar ao destino “por a sua atividade não se enquadrar no regime de exceção prevista pela lei”, justificou o agente que o questionou.

Seguindo a direção da Estrada da Circunvalação verificou-se que no Amial e na Areosa, fronteira com o concelho vizinho de Gondomar, na saída da Autoestrada A3 (que liga Porto a Valença) e no cruzamento de Montes Burgos, fronteira com a Maia, e na Rotunda AEP, junto ao concelho de Matosinhos, entre as 09:30 e as 10:00, não havia controlo policial à circulação de carros e pessoas.

A situação repetia-se na estação do Metro da Senhora da Hora, também no concelho de Matosinhos.

No centro do Porto, na Estação Ferroviária de São Bento, pela 10:30, o quadro indicava estarem suprimidas as partidas e chegadas para Marco de Canaveses, Aveiro, Braga e Guimarães.

Silvino Silva, doente oncológico, proveniente do concelho de Albergaria-a-Velha, distrito de Aveiro, falou com a Lusa de uma viagem ao Porto que o surpreendeu na hora de regressar a casa.

“O comboio com destino à Aveiro está suprimido, mas já me disseram no balcão que haverá outro às 12:35″, disse enquanto esperava, praticamente sozinho, depois de “ter ido a uma consulta no IPO [Instituto Português de Oncologia] do Porto”.

Informando não ter sido “abordado pela polícia” – visível apenas no exterior da estação e protegida da chuva, no interior de um automóvel -, Silvino Silva acrescentou ter saído “às 07:00 de Aveiro”, onde nessa altura “estava tudo calmo” e que “o comboio circulou à hora certa”.

Como documentação justificativa da deslocação disse ter “o agendamento futuro de consultas, com o dia e hora a que tem de lá estar”.

Já na estação do Metro de São Bento, o aparato policial era diferente, chegando a uma dezena de agentes. À Lusa, no local, o comissário Rogério Silva, da PSP do Porto, contou terem sido nas primeiras horas “várias as pessoas” que foram impedidas de seguir para o concelho vizinho de Vila Nova de Gaia, por “não terem justificação”.

“São pessoas que não vão trabalhar, mas sim visitar familiares ou tratar de alguns assuntos que não estão previstas como exceção no estado de emergência”, informando que “foram retiradas das composições de Metro” com a indicação de que “devem esperar que termine o impedimento de circulação para voltarem a fazer esse percurso”, disse.

No local, essa verificação é feita com a entrada dos agentes nas composições, informou o comissário.

Entre os casos detetados que infringiam a lei, o comissário relatou à Lusa haver pessoas que “disseram não saber que era necessária documentação” e outras que apresentaram “declarações incompletas”.

“Ainda não confirmamos ninguém [entre os passageiros do metropolitano do Porto] que devesse estar em isolamento profilático ou que esteja infetado com a covid-19″, disse.

Nas pontes D. Luiz I e Infante, que ligam os concelhos de Porto a Gaia, está também montado um dispositivo policial para verificação de quem segue em transporte público ou a pé, informou o comissário.