A 21 de março, a direção clínica dos SAMS decidiu suspender os serviços devido à infeção com o novo coronavírus de doentes e profissionais de saúde.

Nessa data, em comunicado enviado às redações é referido que “mediante a confirmação de doentes e profissionais de saúde dos SAMS infetados com o novo coronavírus” foi decidido o encerramento progressivo dos serviços, “em linha com as orientações das autoridades de saúde”. Assim, em 13 de março foi suspensa “toda a atividade programada, designadamente exames e cirurgias”, enquanto na segunda-feira (16 de março) terminaram as consultas e os exames e na quinta-feira (19 de março) o foi encerrado o atendimento permanente do hospital, centro clínico e clínicas.

A Ordem dos Médicos critica a decisão tomada, já que se veio a revelar que a Direção-Geral de Saúde, "perante a confirmação de casos positivos de COVID-19 em colaboradores do SAMS, apenas determinou o encerramento da urgência do hospital localizado nos Olivais, Lisboa, não tendo instado ao encerramento de toda a atividade do SAMS, como acabou por acontecer".

"O fecho total do hospital e clínicas é uma situação que o Conselho Nacional da Ordem dos Médicos condena, quer pelo impacto direto nos mais de 90 mil beneficiários do SAMS, que deixaram de ter apoio, quer pelo impacto indireto que esta decisão está a ter no Serviço Nacional de Saúde e noutras unidades privadas, numa altura em que o país vive grandes dificuldades devido à pandemia da COVID-19", sinaliza a Ordem em comunicado.

Na sequência do encerramento, a SAMS mantém-se em funcionamento “exclusivamente para assegurar os tratamentos em curso na Unidade de Oncologia e na Unidade de Radioterapia”. Para a prescrição de medicamentos urgentes "foi assegurado apenas um número de telefone, o que tem inviabilizado a manutenção do contacto dos médicos com os doentes, bem como o acesso a dados clínicos necessários para apoiar decisões", salienta a Ordem dos Médicos.

A Ordem critica o lay-off de médicos do SAMS que "viram-se com as suas agendas encerradas a partir dessa data e sem a possibilidade de manter pelo menos o contacto remoto/consulta telefónica com os doentes, como se mantêm noutras instituições do SNS ou privadas".

"Recorde-se que o SAMS conta com um total de cerca de 94 mil beneficiários, que durante anos foram seguidos pelos seus médicos nesta instituição onde têm toda a sua história clínica e que foram deixados ao abandono, sem continuidade de cuidados e com a sugestão de procurarem outras instituições, quebrando a relação médico-doente e violando todas as regras éticas", critica a Ordem.

Face ao descrito, o representante dos médicos exige ao Governo, através do Ministério da Saúde, que se socorra "do Estado de Emergência declarado, para ter uma intervenção que permita repor a normalidade no SAMS".