“Todos os que estão preocupados com a situação em Gaza deviam pressionar o Governo israelita a permitir acesso humanitário terrestre desimpedido, em vez de estar a bloqueá-lo”, escreveu o alto representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, na rede social X (antigo Twitter).
Na mesma mensagem, o chefe da diplomacia europeia acrescentou que “as outras opções não chegam”.
“Largar bens [essenciais] sobre Gaza [como fez Washington nos últimos dias] é bom, mas insuficiente, os corredores marítimos levam o seu tempo, e o tempo é essencial aqui”, frisou.
A publicação de Josep Borrell acompanhava outra de Janez Lenarcic, o comissário europeu para a Gestão de Crises, que viajou até Israel para “reiterar a urgência de assegurar rapidamente” o acesso de ajuda humanitária à Faixa de Gaza, que “está perto do colapso”.
De acordo com uma nota divulgada pelo Serviço de Ação Externa da UE, Josep Borrell condenou também hoje a aprovação por Israel de quase 3.500 colonatos na Cisjordânia.
O alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros exigiu a Israel que “reverta esta decisão”, considerando que só vai piorar o clima de instabilidade na região e agravar o conflito com o movimento islamita palestiniano Hamas.
Josep Borrell acrescentou que a construção de colonatos, incluindo os que já estão construídos, “é ilegal à luz do direito internacional”, por isso, a construção de mais “é um obstáculo para a paz” e compromete a solução de dois Estados — defendida pela UE.
Para o político espanhol, avançar com a construção de mais colonatos em vésperas do Ramadão e da Páscoa só vai agravar as tensões de um conflito que começou no início de outubro.
Na quarta-feira, o Governo israelita avançou com o processo de aprovação para a construção de quase 3.500 novas habitações para colonos em três colonatos da Cisjordânia ocupada, justificando tratar-se de uma medida de represália por um recente ataque palestiniano.
O Conselho Nacional de Planificação e Construção emitiu a aprovação final para construir 691 novas vivendas em Efrat, um colonato a sul de Jerusalém, e avançou com o processo para aprovar outras 2.452 casas em Mahale Adumim e 330 em Quedar, a leste da designada Cidade Santa.
No total, serão 3.476 novas habitações para colonos israelitas em território palestiniano.
A guerra em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeada por um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano em solo israelita, em 7 de outubro, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns, segundo as autoridades israelitas.
Em represália, Israel lançou uma ofensiva na Faixa de Gaza que já provocou mais de 30 mil mortos, de acordo com o Hamas, que controla o território desde 2007.
Na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, territórios ocupados pelo Estado judaico, mais de 400 palestinianos foram mortos desde 7 de outubro pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos, além de se terem registado mais de 3.000 feridos e 6.650 detenções.
Comentários