Quando o embaixador da Venezuela Jorge Valero se preparava para iniciar a primeira sessão da Conferência sobre Desarmamento, que decorre até 23 de junho em Genebra, os embaixadores dos EUA e de diversos países americanos abandonaram a sala, boicotando a sessão inaugural da presidência venezuelana do fórum.
“O que se passa é propaganda de propaganda”, disse Robert Woods, embaixador norte-americano destacado para a Conferência, minutos depois de ter saído do evento.
“Qualquer que seja o assunto discutido, quaisquer que sejam as decisões tomadas, não terão legitimidade, porque o regime que preside (venezuelano) é ilegítimo”, justificou o diplomata que representa os EUA.
Woods abandonou a sala acompanhado dos embaixadores dos países do Grupo de Lima – que tem contestado o regime do Presidente eleito da Venezuela, Nicolas Maduro – com exceção do diplomata mexicano.
Os Estados Unidos e outros 50 países reconheceram o líder da oposição, Juan Guaido, como Presidente interino da Venezuela.
“Um representante de Juan Guaido, o Presidente interino, devia estar nesta sala agora, sentado naquela cadeira”, disse Wood, enquanto abandonava a sessão.
A Conferência sobre Desarmamento, criada em 1984 para negociar programas multilaterais de desarmamento, já foi um importante fórum das Nações Unidas para as negociações de controle de armas, mas o trabalho desta organização está parado há vários anos por causa de impasses diplomáticos.
No momento em que a presidência rotativa da conferência passou para as mãos da Venezuela, a crise na organização agrava-se, pela falta de reconhecimento de legitimidade ao Governo de Maduro.
“Não vamos ficar sentados a ouvir reclamações contra os valores democráticos dos Estados Unidos”, disse Woods aos jornalistas, depois de abandonar a sala do Conselho, o cenário habitual da Conferência sobre Desarmamento, no Palácio das Nações de Genebra.
Ainda assim, o embaixador Jorge Valero iniciou a sessão da Conferência, prometendo que a presidência venezuelana desta sessão “escutará todas as vozes” e estabelecerá um “diálogo inclusivo”.
Sobre o boicote decretado por vários países americanos, Valero lamentou que “os Estados Unidos e alguns dos seus dóceis aliados continuem a trazer para o fórum questões que estão fora do seu mandato”.
Para o embaixador venezuelano, “o comportamento da delegação dos EUA viola o trabalho da Conferência e as regras de procedimento”.
Valero afirmou que, contudo, “felizmente, a maioria decisiva dos países que compõem as Nações Unidas reconhece o governo venezuelano”, o que dá legitimidade suficiente à presidência do seu país nesta sessão da Conferência sobre o Desarmamento.
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