"A partir de agora, todos os procedimentos [de asilo] em andamento serão interrompidos", afirmou o Ministério do Interior austríaco num comunicado.

Associações que disponibilizam apoio a migrantes:

JRS Portugal — O gabinete jurídico "tem como objetivo assessorar juridicamente os utentes no seu processo de regularização, bem como emitir pareceres e orientações técnicas internas em matérias de Lei de Estrangeiros, Lei de Asilo e legislação acessória". Saiba mais aqui.

Renovar a Mouraria — Centrada na freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, esta associação ajuda com os processos de regularização de quem "vive, trabalha, estuda ou tem filhos que estudam" naquela zona. Conheça o projeto aqui.

Lisbon Project — Este projeto tem como objetivo "construir uma comunidade que integra e capacita migrantes e refugiados". Nesse sentido, tem também disponível um gabinete de apoio jurídico. Fique a par de tudo aqui.

Mundo Feliz — Esta associação ajuda os imigrantes no processo de regularização em Portugal e também na procura de emprego, entre outros serviços. Saiba mais aqui.

Linha de Apoio ao Migrante — Esta linha "tem como principal objetivo responder de forma imediata às questões mais frequentes dos migrantes, disponibilizando telefonicamente toda a informação disponível na área das migrações e encaminhando as chamadas para os serviços competentes". Contactos: 808 257 257 / 218 106 191. Mais informações aqui.

Também foram dadas instruções para "preparar um programa ordenado de repatriação e deportação para a Síria", detalhou Gerhard Karner, o ministro do Interior do país de nove milhões de habitantes, o primeiro a fazer o anúncio.

Cerca de 87.000 sírios receberam asilo na Áustria desde 2015. No entanto, o chefe do governo conservador, Karl Nehammer, endureceu as medidas nos últimos anos perante do crescimento da extrema-direita, que venceu pela primeira vez as eleições legislativas em setembro.

A Alemanha, país vizinho, anunciou uma medida similar. Dada "a incerteza atual", o escritório federal de imigração e refugiados "decretou hoje um congelamento das decisões sobre os processos de asilo atualmente em andamento" para os sírios, anunciou a ministra do Interior, Nancy Faeser.

A Alemanha acolheu quase um milhão de sírios durante o mandato da ex-chanceler Angela Merkel, tornando-se o país com a maior comunidade síria da União Europeia.

Na Dinamarca, a comissão responsável pela concessão do estatuto de refugiado "decidiu suspender o processamento dos casos de pessoas originárias da Síria devido à situação de grande incerteza que o país enfrenta após a queda do regime de Assad", segundo um comunicado.

A comissão também "decidiu adiar o prazo para a saída de quem possa ser deportado para a Síria", especificou.

O país de seis milhões de habitantes tem uma política de asilo muito restritiva, e um dos seus objetivos declarados é atingir "zero solicitantes de asilo". As autoridades incentivam o regresso voluntário dos sírios e, desde 2015, emitem apenas permissões de residência temporárias.

A Suécia, outro país nórdico, também anunciou que suspenderá o processamento das solicitações de asilo, assim como as deportações.

"Dada a situação, simplesmente não é possível avaliar os motivos de proteção no momento", declarou em um comunicado Carl Bexelius, responsável pelos assuntos jurídicos da Agência Nacional de Migração da Suécia.

Também governo francês indicou esta segunda-feira que estuda suspender as solicitações de asilo de cidadãos sírios em curso de resolução.

"Uma decisão deve ser tomada nas próximas horas", indicou o Ministério do Interior francês, depois de cinco países europeus - Áustria, Alemanha, Dinamarca, Suécia e Noruega - já terem anunciado a suspensão.

Em 2023, a França registou mais de 4.000 solicitações de asilo de cidadãos sírios, segundo os últimos números do Escritório Francês de Proteção de Refugiados e Apátridas (Ofpra), encarregado de examinar os pedidos.

O anúncio do Ministério do Interior, liderado pelo conservador Bruno Retailleau, contrasta com as declarações feitas horas antes pelo chanceler francês centrista, Jean-Noël Barrot, sobre a altura em que os refugiados poderiam retornar à Síria.

“França tornou o regresso dos refugiados algo condicional, ou pelo menos disse que seu retorno só poderia ocorrer se pudessem retornar à Síria com segurança, já que isso ainda não está totalmente garantido”, disse.

A chegada de migrantes tornou-se uma questão delicada na Europa, especialmente desde a crise migratória de 2015, com a chegada de dezenas de milhares de refugiados, incluindo sírios que fugiam da guerra no seu país.

Paralelamente, os países da União Europeia (UE) têm visto um aumento dos partidos de extrema direita, impulsionados pela retórica anti-imigração, como o partido Reagrupamento Nacional (RN) de Marine Le Pen na França.

O presidente do RN, Jordan Bardella, alertou sobre “o risco de uma avalanche de migrantes” após a queda do ditador sírio, declarações que representam um “absurdo absoluto” para o chanceler francês.

A suspensão dos pedidos de asilo em andamento ocorre horas depois de uma coaligação de rebeldes liderada pela organização islamista Hayat Tahrir al Sham (HTS) ter tomado Damasco e ter posto fim a cinco décadas da dinastia Al Assad.

A Síria estava mergulhada numa guerra civil desde 2011, quando o governo de Assad reprimiu ferozmente uma onda de protestos pacíficos, levando a um conflito que deixou 500.000 pessoas mortas e forçou metade do país a fugir de suas casas.

A Noruega também aguardará a estabilização da situação no país do Oriente Médio. "A situação no país continua muito confusa e sem resolução", escreveu a Direção de Imigração da Noruega (UDI) num comunicado.

A UDI "não rejeitará nem concederá, por enquanto, solicitações de asilo aos sírios que tenham solicitado asilo na Noruega", detalhou o órgão.

Dinamarca, Suécia, Áustria e Alemanha fazem parte da União Europeia. A Noruega não é integrante da UE, mas faz parte do espaço Schengen, que permite viajar livremente entre os países membros sem passar por controles de fronteira.

ONU pede "paciência e vigilância" acerca do regresso de refugiados sírios

O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur) pede "paciência e vigilânica" acerca do regresso dos refugiados sírios ao seu país após a queda de Bashar al Assad.

"O Acnur aconselha a manter o foco sobre o assunto dos regressos" e espera que o que ocorrer facilite "enfim os retornos voluntários, seguros e sustentáveis com refugiados capazes de tomar decisões" claras, escreveu o chefe da agência, Filippo Grandi, em comunicado.